Um belo dia, um casal formado por um Zé Ninguém e uma Maria
Vai com as Outras cansou de ficar sem eira nem beira e resolveu conquistar um
lugar ao sol.
Souberam que uma forma de ficar por cima da carne seca era
participar das festas que aconteciam na casa da Mãe Joana, e foram pedir ao
João Sem Braço se ele conhecia o caminho. Como de costume, João fez de conta
que não era com ele, então Maria Vai com as Outras lembrou que Fulano, Beltrano
e Sicrano, que eram típicos arroz-de-festa, iriam para lá. Então Zé pediu aos três se
haveria carona para ele e sua companheira, porém Fulano, olhando-o de alto a
baixo, disse-lhes: "cada macaco no seu galho".
Zé Ninguém quase perdeu as estribeiras e perguntou em alto e bom som se eles achavam que ele tinha
cara de João Bobo, mas Maria interveio e o tirou dali, antes que a vaca fosse
para o brejo. Como quem tem boca vai à Roma (e vaia também), eles perguntaram
ao Zé Povinho sobre a festa, e conseguiram a informação que precisavam.
Na noite da festa, chegaram os dois à porta. Quando Mãe
Joana os viu, foi para outro canto da sala, afastando-se como o diabo foge da
cruz, não sem antes dizer ao casal que a porta da rua era a serventia da casa, e que não adiantava nada se queixar ao bispo.
Aproveitando que a dona da casa não estava nem aí para a hora do Brasil, Zé Ninguém, fingindo-se de morto, foi enchendo uma sacola com coxinhas a granel. Maria-Vai-Com-as-Outras logo foi procurar fofoca, e engatou um papo com uma certa Maria-Chuteira, até altas horas. De repente, alguém deu com a língua nos dentes e Mãe Joana descobriu que haviam penetras que sem mais nem menos, estavam no quintal da casa matando cachorro a grito.Indignada, Mãe Joana botou a boca no mundo: "Vocês pensam que aqui é a casa da sogra"? E todos bateram em retirada.Maria-Vai-Com-as-Outras conseguiu uma carona e deixou Zé Ninguém sozinho, ao deus-dará. Teve de ir para casa a pé, sem lenço nem documento. E pensou consigo mesmo: "Pelo menos tem as coxinhas". Colocou a mão na sacola e nada achou. Ficou de mãos abanando. Terminou a noite sentindo-se novamente sem eira nem beira, desconsolado por não ter fechado sua noite com chave de ouro e pior, sozinho. Mas pensou consigo mesmo: melhor sozinho, que mal acompanhado. Já estava mesmo, há um bom tempo, querendo dar um pé na bunda da Maria. Sozinho, mas um pouco mais animado, o Zé chegou em casa e foi dormir o sono dos justos.
Esse pequeno conto termina assim, num lugar-comum. Pode tanto ter acontecido no tempo do onça como nos dias de hoje, o que não importa. O que importa, é que não foi um conto do vigário.
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