VICTOR
(para quem não lembra, aqui começa a história de Victor)
A tarde avança, nevoenta. Dia parado. Meu baseado rola entre os dedos, mas hoje estranhamente não chega à minha boca.
Me perco, observando o céu cinzento, nos degraus da escadaria de sempre. Um pombo, ressentido pela tarde cinza, deixa-se ficar no peitoril de uma janela igualmente cinza. Tarde modorrenta.... por isso que meus dias se resumem a esperar pela noite. Mesmo o colorido dela, sendo artificial no meu caso.
Sim. Eu sei que fujo da vida, da realidade... mas meus dias são nevoentos, desde aquela manhã de setembro, que acabou com meus sonhos mais caros e deixou minha vida nevoenta e cinza, como esta tarde que continua avançando. É difícil até para mim mesmo expressar como me sinto, há tempos não penso nisso.
As pessoas continuam passando sem me notar, mas hoje há menos movimento. Uma chuva fina começa a cair, puxo meu capuz, me escondendo mais ainda da cidade. A noite está chegando.
Mais uma noite para me entregar de corpo e alma às baladas, sem compromisso, sem amanhã. E sem entusiasmo, dessa vez. Mas preciso disso para me sentir vivo.
Continuo me sentindo feliz na noite, nas boates, na bebida para afogar a a dor que ainda pulsa dentro de mim. Mas os dias têm me trazido a dura realidade, meu mundo de fantasia não está sendo suficiente. Não consigo afogar de vez a dor que ainda tenta me acordar, e não sei se algum dia vou conseguir.
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