Venha sobre mim a chuva
Fria
Forte
Talvez ácida, corroendo o
que ainda resta de mim
Ou quem sabe pura e limpa,
lavando o que me atrapalha, removendo com a força da água as pedras de tropeço
Que grude minhas roupas a meu
corpo
Bata com força em minha face
Que me faça lembrar que
existo
Que sinto dor,
Frio,
Ódio,
Mágoa
E que leve embora tudo isso
E que escorra pelo meu
corpo esta chuva,
Levando o salgado das
lágrimas até o chão
Luz, arrebata-me!
Fira meus olhos
Me leve daqui
Para Pasárgada, ou para qualquer lugar
Ou que meu ser apenas se
dissolva e seja um com todo o cosmos.