Título original: Nervosismo.
(Escrito
em 1995 ou 1996 - nem lembro direito - baseado em uma anedota que ouvi.Estava em um dos meus cadernos antigos da adolescência.)
Não revisei o texto, como o encontrei, escrevi aqui.
(Ela e ele, no sofá. Ele, sofrendo com a derrota do
seu time, rói compulsivamente as unhas. Ela está grávida e cochila. De repente,
sente algo);
Querido, eu sinto que está chegando a hora...
Vai, Aderbal! Ah,...o que foi?
É agora.....
(distraído) – Não, meu bem, esse gol não vai
sair
A minha bolsa estourou
O que estourou aí foi a defesa.
Eu disse que a bolsa estourou! E-S-T-O-U-R-O-U-!
O QUÊEE?! Quer dizer....
Estou tentando dizer há um tempão! O nosso filho
vai nascer!
(Ele desliga a TV. Bem
na hora do gol).
- Ca-calma, meu bem. Fique calma!
- Você é que está nervoso.
- EU NÃO ESTOU NERVOSO! Quer dizer, desculpe. Pelo
amor de Deus, vamos logo para este bendito hospital!
E lá foi
ele. Certificou-se de tudo, abriu rapidamente a porta do carro, sentou-se e com
as mãos tremendo fechou a porta. Deu a partida, saiu a 160 por hora, arrebentou
a cerca, levantou poeira, atropelou uma galinha, levou um varal - com roupas -
nos pára-lamas, derrubou uma placa de sinalização, subiu na calçada, eu estou
calmo, calmíssimo, dizia chorando e o carro a 200 por hora, entrou no jardim da
prefeitura, levando junto o busto do fundador da cidade; derrubou uma pilha de tijolos, estourou
o medidor de quilometragem, chegou finalmente ao hospital, parou cem metros à
frente, levantou nervosamente, abriu a porta do carro, olhou para o banco de
trás e exclamou:
-MEU
DEUS!!! ESQUECI MINHA MULHER EM CASA!!!!!!!!
Hahaha, ótimo! Consigo imaginar a gestante dando risada - desesperadamente, lógico! - do nervosismo dele.
ResponderExcluirDesde a adolescência escreves muito bem, hm? Parabéns, Mari!