Volta e meia, desde que meu pai faleceu, criei o costume de observar o Google Maps. Durante estes últimos quatro anos, era possível ainda ver a casa de meu falecido avô e, pelo street view, um grupo de quatro homens conversando em frente a uma das arrozeiras, no terreno em frente à casa de meus pais. Meu pai, aparecendo de costas e de braços cruzados usando sua roupa costumeira de ficar em casa e trabalhar na roça - a camisa de gola, a calça social (nunca usou outro tipo de calça) e o boné, conversando com outros moradores da rua. Era 2020, em plena pandemia, época de muitos cuidados e atenção. Poucos meses depois desta foto, meu pai já não conseguiria ficar de pé e depois sofreria um AVC
Agora, em 2025, o Google Maps foi atualizado. Nada mais do verde das arrozeiras - agora aparece o terreno sendo preparado. Os quatro homens não estão mais naquele ponto do street view. A casa de meu avô não está mais lá - faleceu no ano seguinte também, pouco tempo depois de meu pai.Porém, ainda é possível ver a casa de meu avô pelo street view,pois nem todas as imagens foram atualizadas de uma vez.
Ainda bem que guardei as imagens na primeira vez que as encontrei. Tenho fotos da casa do meu avô e a imagem de meu pai, poucos meses antes de adoecer, em pé, conversando com os vizinhos, também está salva.
Mesmo assim ainda dói um pouco ver o mapa e as cenas não estarem mais lá. Agora são fotos e prints no meu computador em vez de na rede mundial. Mas faz parte da vida, né? A gente termina um ciclo, é lembrado por um tempo mas gerações passam e até as lembranças se apagam, até virar apenas um nome em uma linha da história - ou nem isso. De qualquer forma, meu pai vive enquanto a lembrança dele viver.
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| 2025 - a mesma rua. Como as coisas mudam em pouco tempo! |


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