(excepcionalmente nesta quarta)
ANA
ANA
A porta fechou-se atrás de mim e me deparei com um senhor aparentando entre 35 e 40 anos, observando-me através dos óculos abaixados.
Xi, pensei.. cara de poucos amigos.
Mas esta impressão logo se desfez. O senhor levantou-se rapidamente, estendeu a mão e com um largo sorriso cumprimentou-me:
- Então, quem tenho o prazer de conhecer agora?
Esse tipo de recepção era um refresco, um oásis em meio a tantas caras fechadas e expressões de enfado que vira nos últimos tempos. Logo lembrei da recepcionista e seu olhar fixo na tela do computador. Que contraste.
- Sou a Ana
- Bem vinda então, Ana! Posso dar uma olhadinha no seu currículo?
- Claro, aqui está. Atualizei esta semana.
- Que bom, Ana.. quer um chá? Fique à vontade.
Ficar à vontade, com o peso do desemprego sobre os ombros e a expectativa de uma vaga abrindo-se (mesmo o cargo não sendo exatamente meu sonho) parecia um tanto difícil, mas me servi do chá do mesmo modo. Será que tem soro da verdade nele, pensei rindo por dentro - um modo de aliviar a tensão.
- Você tem boas referências... me diga, por que saiu do último emprego?
- Houve uma crise na empresa, e demitiram muita gente. Corte de pessoal.
- Hum... e você está se candidatando a auxiliar de recursos humanos, mesmo tendo faculdade de Administração.
- É que faz um tempinho que estou desempregada, e até agora não houve respostas favoráveis..
- Bem, gostei de sua sinceridade. Vou anotar seu telefone, e espero encontrar você de novo.
Despedimo-nos com mais um aperto de mão forte.
Saí da saleta, imaginando... cara simpático, aparentando sinceridade.. quantos dias será que iria ter de esperar para o telefone tocar? E, será que dessa vez iria ser uma resposta diferente, ou eu deveria continuar sobraçando papeladas e continuar passando em agências de emprego?
Durante dois dias, fiquei com o celular bem perto, verificando se havia sinal, se a bateria estava boa...esperando e ao mesmo tempo temendo o toque do aparelho.
(Continua...)
- É que faz um tempinho que estou desempregada, e até agora não houve respostas favoráveis..
- Bem, gostei de sua sinceridade. Vou anotar seu telefone, e espero encontrar você de novo.
Despedimo-nos com mais um aperto de mão forte.
Saí da saleta, imaginando... cara simpático, aparentando sinceridade.. quantos dias será que iria ter de esperar para o telefone tocar? E, será que dessa vez iria ser uma resposta diferente, ou eu deveria continuar sobraçando papeladas e continuar passando em agências de emprego?
Durante dois dias, fiquei com o celular bem perto, verificando se havia sinal, se a bateria estava boa...esperando e ao mesmo tempo temendo o toque do aparelho.
(Continua...)