Ninguém está bem.
Ninguém pode dizer que dois anos de uma pandemia não afetaram em nada sua vida.
Não posso fingir que está tudo bem depois de dois anos de medo, raiva e ansiedade que fizeram retornar uma compulsão alimentar e agora tenho de tentar reunir alguma força de vontade para meu corpo voltar ao que era.
Não dá para dizer que tudo está bem quando a gente não sorri mais como antes, quando algo se quebrou por dentro e só agora estou começando a reunir os pedaços que se quebraram e tentando retomar algumas coisas que fazia antes de toda essa bagunça.
Não sei se consigo colar todos os pedaços quebrados de meu coração, e nem sei se devo fazer isso: nossa vida é uma constante mudança e não tem como simplesmente resetar dois anos.
Vi gente adoecer, gente morrer, gente que corre ao meu lado ficar tão ou mais quebrada do que eu...
Tem horas que cansa até o ato de pegar a máscara, ajustar o elástico e sair para mais um dia de trabalho. Amo meu trabalho mas algo dentro de mim mudou até o olhar que eu tinha.
Às vezes parece que estou fazendo a oração da manhã, preparando refeições, escolhendo roupa, arrumando o que é preciso para a semana funcionar, tudo no modo automático. Rolando páginas e páginas aqui na internet apenas para passar o tempo, curtindo e dando risadas de algumas publicações para distrair.
Os anos passaram. E agora, depois de quatro décadas de vida, há coisas que não sei se ainda vou conseguir realizar, ou se é hora de simplesmente desistir e mudar os planos de vez.
Essa semana foi uma destas. Um belo dia parei de fugir e encarei o fato de que preciso rever o que quero para a vida. Que preciso pensar além da rotina diária para não lamentar o futuro depois. Que não dá mais para ficar no piloto automático.
E foi por isso que não teve postagem na sexta-feira. Passei boa parte da semana apenas fazendo o que tinha de fazer, porque tinha de ser feito por mim. E não tinha ânimo para escrever, criar ou fazer qualquer coisa além do meu trabalho. Só queria chegar em casa e dormir, ficar vendo vídeos aleatórios, qualquer coisa para distrair a mente. Abrir o blog não me ajudava. Via a tela em branco e nada de surgir uma ideia, um texto, alguma coisa útil para escrever.
E não queria passar isso para vocês, que sempre frequentam o blog e interagem de forma tão carinhosa nas postagens. Então simplesmente fiquei fora da internet o final de semana todo. Abri meus e-mails apenas ontem à noite e agora estou aqui, escrevendo.
Não vou largar o blog. Não vou desistir de escrever. Mas precisava de um tempo para reorganizar as ideias. Apenas isso.
Agradeço a compreensão de todos e vamos lá, uma hora empurrando as coisas para frente, outra hora sendo puxada ( rsrsrs), outras horas pegando no tranco, mas vamos.
Até mais!