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Foto tirada por mim em uma tarde de sábado |
Gosto de passear olhando tudo como se fosse a primeira vez.
Fico na janela do carro olhando para fora, lendo as mesmas placas e letreiros de lojas, contemplando as mesmas montanhas, flores na beira das calçadas, rios, pontes. Como se não tivesse olhado antes.
Sei lá o porquê. Simplesmente gosto. Primeiro, distrai e limpa minha mente. Depois, tem o fator isolante nisso tudo. Se uma conversa entre as outras pessoas no carro, ônibus, o que for não agrada, sempre dá para refugiar-me observando a paisagem.
E quando estou sozinha, também é relaxante. Colocar os fones de ouvido, caminhar seguindo o ritmo da música, observar o céu, os tons do início da manhã ou fim de tarde. Não importa se é o mesmo céu, a mesma rua, as mesmas pessoas. Tudo pode ser diferente mesmo parecendo igual.
Já dizia Heráclito, que não podemos nos banhar no mesmo rio duas vezes, pois aquelas águas não serão mais as mesmas, nem nós os mesmos. Tudo muda, mesmo que sejam mudanças pequeninas. O hoje exuberante pé de ipê amanhã já poderá estar menos florido. As orquídeas que anteontem estavam em botão hoje já desabrocharam. O mundo não se move e existe apenas quando há os grandes cataclismos ou a chuva que finalmente abençoou a terra, mas também e principalmente pelos pequenos movimentos que fazem girar a grande roda da vida.
Flores em frente à minha casa, pertinho do portão. |
Enfim. Agora me preparo para ir novamente ao trabalho, pelo velho caminho já conhecido há anos. Mas que ainda observo.