SUZANA
Hoje está um belo dia
de sol. Acordo com meu diário do lado, aberto ainda, mostrando-me
como um lembrete – ou ameça? As anotações que fiz ontem, e que
ainda ecoam na mente.
Levanto mais cedo,
decidida a encarar o dia de outra forma. Pego meu crachá e tomo o
café da manhã tranquilamente, antes que minha mãe acorde e comece
sua infindável ladainha de queixas contra o mundo todo.
Termino meu
café, minha mãe levanta e me despeço dela com um beijo, coisa que
não faço há tempo. Apesar dos pesares, é minha mãe e devo a vida
a ela.
Pego a bicicleta e saio
apreciando o caminho, em vez de ir sonolenta e reclamando.
Cumprimento a todos no
trabalho, ligo o computador e vejo o que ficou pendente. Vou tentar
ver o lado bom das coisas hoje, pois preciso descobrir se estou mesmo
cansada deste trabalho ou se é apenas uma fase negativa.
A imagem de meu diário ainda está em minha mente.
Algumas mensagens no meu celular, de pessoas do grupo de jovens pedindo por onde eu ando... respondo rapidamente que estou precisando de um tempo para mim, e envio a todos.
E hoje não vou reclamar da vida, está decidido!
Hoje fazem cinco anos que comecei a perceber que algo estava fora de lugar na minha vida, e tentei tapar a verdade. Agora, vou em busca da minha verdade. Quero viver em plenitude.
- Suzana!
A voz do chefe.
- Bom dia!
- Bom dia, Suzana, que surpresa você me cumprimentando com esse rosto alegre!
- Estou feliz de estar aqui.
- Ainda bem... estava mesmo querendo falar com você sobre isso... estavas com uma aparência tão amuada há algum tempo já, e estava preocupado... principalmente porque você sabe como as pessoas dificilmente mudam uma primeira impressão... e alguns clientes estavam visivelmente chateados...
- Eu compreendo, mas não vai mais acontecer.
- Então nossa Suzana está de volta?
- Sim! (penso internamente: não sei por quanto tempo)
-Ótimo, então este dia de hoje será sua chance! Não desperdice, garota, sei que você tem potencial!
- Obrigada....
Ele vira as costas e volta para sua sala. Por um momento penso: "fácil falar".. mas logo me recrimino: não tenho problemas insolúveis, e ninguém tem culpa se passei tanto tempo descontente comigo mesma.
Uma nova cliente chega, passos inseguros. Vamos lá, Suzana, sorria.
- Bom dia, em que posso ajudar?
continua....