Segunda-feira,
uma da tarde. Intervalo para o almoço, depois de uma intensa manhã de estudos. O local do nosso curso é no mesmo hotel onde passaremos a noite, pois é cansativo demais voltar à nossa cidade.
O sol bate carinhosamente no pouco de pele que
me sobra fora das roupas, pois o vento litoral soprando traz a sensação de
frio. Fico de pé, sentindo o vento
soprar nos cabelos e acariciar o corpo, enquanto contemplo as crianças
brincando na areia da praia.
Uma
cena chama a atenção: uma menina engatinha na areia, perto de um pequeno grupo
de pombos. Imitando o andar de um felino, ela se aproxima. A intenção é clara: pegar
uma das pequenas aves em suas mãos, o que se mostra bem complicado, pois os
pombos percebem a proximidade da garota antes que ela consiga encostar em um
deles.
A
parte de baixo do biquíni já está cheia de areia, além é claro das pernas e
mãos, mas ela obviamente não dá a mínima importância para este fato. Está
concentrada em seu objetivo e pouco se importa com a quantidade de pessoas na
praia, com a areia no biquíni ou com quem quer que a esteja observando.
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Como é bom ser criança, diz uma colega de curso a meu lado.
São
vários metros percorridos desta forma, a garota engatinhando vagarosamente e os
pombos também aos poucos se afastando. As pontas dos compridos e escuros
cabelos também já estão roçando na areia, fato ignorado pela menina que
continua concentrada em capturar uma das aves. Parece mesmo um gato sondando e
tentando cercar uma presa. Um garotinho se junta a ela por breves instantes.
Ali
perto, uma outra garota insiste com um adulto (pai? Tio?) para que faça uma
“estrelinha” na areia, mostrando a ele como se faz. Depois de muitas tentativas
e insistência, o rapaz finalmente cede, ficando aquém do que a menina esperava.
Logo ali, a incansável garota de cabelos longos continua perseguindo pombos e
por muito pouco não roga êxito.
Deixo
a areia, as duas meninas e suas estrelas e perseguições, e volto devagar para o local de meu curso, a
tarde promete mais aprendizados.
Noite,
o vento frio continua soprando. Da janela do quarto é possível ver parte da
praia e das ondas murmurando, o barulho lembrando chuva. Também é possível ver
um dos prédios altos (não sei se conseguiria morar em uma cidade com tanto prédio,
ficaria com torcicolo olhando para cima). Evito olhar para baixo, estou no
sétimo andar e por isso a área da piscina do hotel parece uma maquete. Olhar
para baixo dá uma certa aflição, lembro daqueles filmes em que alguém cai de
uma altura absurda e só se ouve o “ploft” macabro depois. Por isso, seguro o
celular com as duas mãos (nem pensar em deixar este aparelho cair!!!),
fotografo a paisagem noturna: a areia, ondas e talvez algum pedestre anônimo que vai
ficar neste instante congelado da vida e me afasto da janela antes que a
tentação de olhar para baixo estrague tudo.
O
sono me chama, devo atender. As outras colegas de quarto já se deitaram e eu
estou aqui, escrevendo. Hora de desligar tudo, amanhã teremos mais um dia de
curso. E depois a volta para minha cidade, minha casa, meu esposo e a rotina
que estão me aguardando, recomeçar meu trabalho.
Lindo e tão leve te ler! Adorei,c0mo sempre! Bom curso e volta à rotina! bjs, chica
ResponderExcluirQue gostosa cronica cotidiana Marina. O olhar é mesmo fantástico e eu me perguntando se a menina de cabelos longos e negros, com seu biquíni coberto de areia, conseguiu chegar mais perto dos pombos e e ou mesmo se os pais estravam atentos aos seus objetivos assim como seu olhar. E vem a noite com todos seus mistérios e nos embala como chuá chuá das águas do mar a se quebrarem na areia, a vida corre pelos olhos que se quebram para o sono, ladrão de nossas vontades sufocadas. Um belo momento Marina de uma pausa de treinamento, para ver a avida além.
ResponderExcluirMeu terno abraço amiga.
Bjs de paz e que o curso lhe seja proveitoso em todos os sentidos.
Até a imagem de sexta.