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5 de jul. de 2017

Samantha

Samantha estava por um fio. Era a casa para cuidar, já que ninguém lá colocava a droga de uma xícara suja na pia pelo menos, a irmã mais nova para ajudar nos estudos (apesar de ela mesma não ter concluído o ensino fundamental), o maldito horário de trabalho que a fazia ter de acordar todos os dias às quatro da manhã para poder pegar dois ônibus e começar às oito. E nos domingos nem conseguir dormir um pouquinho mais para recuperar-se do cansaço da semana, pois sempre tinha alguém/alguma coisa a acordando:
- Chuva! As roupas no varal
- Sammy! Você viu minha calça preferida?
- Filha! Me mostra como é mesmo que cozinha arroz, mais tarde eu quero fazer.

Não se lembrava da última vez que tinha tido um tempo,um tempinho que fosse, para ela mesma. Já não fazia as unhas há anos, desistira de concluir os estudos por causa da dupla (até mesmo tripla) jornada de trabalho, estava com uma alergia na pele e sem tempo de ir ao médico porque não conseguia sair do trabalho para tal. Depois que a mãe foi embora, cansada de carregar a família nas costas, Samantha acabara assumindo o seu papel. A eterna empregada da casa. Era chegar do trabalho às nove da noite, deixar tudo pronto e se tivesse sorte, conseguir dormir antes da meia-noite para acordar de novo às quatro da manhã do dia seguinte. Isso não acabava nunca...  Às vezes maldizia a mãe, que se livrara de todo o tédio e de uma família que não colaborava em nada, porém a deixara ali, amargando a vida que fora dela. Por quê?

E.. por que essa situação continuava? Os irmãos e o pai tinham duas pernas e dois braços como ela, caramba. O pai também trabalhava fora o dia todo, porém isso não deveria impedi-lo de levar à pia a droga da xícara suja de café. O fato da irmã estudar não deveria impedi-la de colocar suas roupas sujas no cesto. Foi aí que Samantha cansou de vez. Não era justo. Eram dez da noite de domingo. Foi para seu quarto e começou a aprontar o que precisaria para o dia seguinte.

Quatro da manhã, segunda-feira. Um ovo, uma xícara de café. Tudo arrumadinho na cozinha. Uma marmita para o pai levar ao trabalho. Pegou sua bolsa, seu crachá e foi até o ponto de ônibus. A irmã teve de ir para a escola com a primeira roupa limpa que encontrou e que estivesse passada. Junto à cabeceira de sua cama, um bilhete: “Daniela, prepare seu café da manhã e o do Júlio e veja se ele tem o uniforme pronto. Samantha”.

No ônibus, Samantha pensava em como Daniela iria ajudar o irmão caçula, se nem mesmo sabia direito onde ficavam as coisas dentro da geladeira. Mas ela já tinha quinze anos e poderia aprender.
Nove da noite. Samantha chegou em casa. Viu a louça na pia, cobriu com um pano e foi tomar banho. Leu um livro no silêncio de seu quarto antes que Daniela entrasse e logo pegou no sono. Deixou um bilhete na mesa:
“Pai, as contas de luz e água vencem hoje. Como o seu trabalho fica mais perto da lotérica que o meu, por favor pague estas contas”

Terça-feira, cinco da tarde. O pai chegou em casa. A louça do dia anterior ainda estava na pia. O que estava havendo com Samantha? As contas ainda estavam na mesa, ele não havia visto o bilhete, nem mesmo quando viera para casa almoçar. Daniela e Júlio estavam lutando para descobrir como a máquina de lavar roupas funcionava, pois Samantha não havia feito isso também. Como ninguém lavara as louças, cada um pegou uma colher, um garfo e uma faca e comeram diretamente das panelas, que aumentaram o volume que se acumulava na pia.

Quarta-feira, sete da manhã. Enquanto se preparava para ir à escola e chamava o irmão, Daniela topou com mais um bilhete: “Só irão para a máquina as roupas que estiverem no cesto de roupa suja. E lavem as louças, pois eu vou chegar mais tarde”.
Ao voltar da escola, Daniela teve de lavar as louças, pelo menos a quantidade suficiente para poderem almoçar.
Samantha marcou a consulta com a dermatologista e antes de voltar do trabalho foi comprar um livro e matricular-se na autoescola.


    Dez horas da noite. Samantha verificou os cestos de roupa suja, colocou algumas na máquina e deixou o ciclo completar. Passaria as roupas apenas no sábado. Tomou banho e foi dormir com um sorriso ao ver que a pilha de louças na pia diminuíra.

20 de set. de 2016

Adeus


Imagem retirada do blog Desejos de Menina

Digo adeus, e digo mais:
- Não olharei para trás, para diante, para nada.
Digo adeus, e nada mais:
Encerrou-se agora a jornada
Eu mesma a encerro,
Sem dor,
Sem arrependimento
Sem culpa.
Por razão nenhuma.
Apenas estou cansada
De ser um hamster girando a maldita roda
Da engrenagem que gira o moinho
Que coloca o mundo para mover.
Estou farta
Sedenta
De eternidade
E vou buscá-la.  





(poema publicado originalmente no meu livro Devaneios e Desvarios, publicado em fevereiro deste ano)


25 de mai. de 2016

Inquietações

Tudo está confuso
Em branco
Ou no escuro?
Em suspenso
Parado
Congelado.

Para onde vamos?
Que caminho seguir?
Alguns querem voltar
Outros insistem em ir adiante
Há os que pararam
Por achar não haver caminhos
Ou por puro medo. 

Onde estou nesta multidão?
Qual o meu lugar, qual o meu papel?
Ainda não sei
E tenho medo, muito medo
De demorar para descobrir. 

Para onde vamos? 
Que caminho seguir?
Direita, esquerda, centro
Não parecem mais posições ou direções
Tudo está revirado
De pernas para o ar
O que era, já não é, 
O que deveria ser, já não será. 

Angústia, desejo
Desespero, indiferença
Expectativa
Digressões

Para onde vamos?
Que caminho seguir? 
De um lado inquietação, 
De outro constância
Um planeta respirando por aparelhos?
Estamos vivendo ou caminhando mortos
Envolvidos em uma matrix?

Queixas, reclamações
Incompreensão
Loucura, insensatez? 

Para onde vamos?
Que caminho seguir?
A luz se apaga, 
Às vezes dá para ver um final, 
Outras vezes não
Retrocessos?
Avanços?
Do quê?
De quem?
Para quem? 

"Faça-se o homem à nossa imagem e semelhança"
Rosto em terra
Pessoas prostradas
Nem todas vão se levantar
E quem, no final, vai triunfar? 
Alguns não sabem, 
Outros tem certeza. 


Para onde vamos?
Que caminho seguir? 

1 de mai. de 2015

1 Imagem, 140 Caracteres # 84

É impactada por tristes notícias para minha classe que inicio esta sexta-feira, dia do trabalhador. 

Há greves de várias categorias pelo país todo ( venho acompanhando a luta dos professores em Goiânia, pelos posts da Joicy ( Umas e Outras) e na Bahia, pelo blog do Jaime (Grooeland),vendo em páginas do Facebook a indignação de professores de vários estados, e para completar o absurdo e o caos que vem se instalando, as recentes agressões contra professores no Paraná, que vergonhosamente viraram notícia em mídia internacional. 

O que pensar disto? 

A imagem escolhida pela Silvana não poderia ter resultado diferente em mim, que sou professora também e apesar de não estar sofrendo os cortes de verba e as represálias destes meus colegas de profissão pelo país afora, fico triste em ver tanta coisa errada ocorrendo. 

Mas enfim, vamos à imagem:







Há vários dias esta mesa está vazia.  E uma grande lição de democracia e respeito está precisando ser aprendida, fora da sala!






1. chica  3. Renato Ohl  
2. Alessandra Santos  4. Ailime  

(Cannot add links: Registration/trial expired)

6 de jan. de 2015

Ano Novo

31 de dezembro. 

Dez da manhã. 

    Carol levantou-se, a cabeça doía. Ao lado, Léo ainda dormia profundamente; era inútil tentar acordá-lo. Com um gosto amargo na boca, ela foi à cozinha. Como sempre, um café bastaria para acordá-la de vez. 
     Há anos, o período de férias entre Natal e Ano Novo era desse jeito. Poucos e breves dias antes de voltar ao trabalho, dos quais grande parte se dividia entre tentar deixar a casa organizada - a famosa  e inconclusa "faxina de Natal" - e dormir. Dormir tarde e acordar muito tarde, tomar café da manhã no horário do almoço, almoçar às quatro da tarde, jantar o que e quando desse na telha. Carol precisava terminar de separar o lixo, amarrar bem os sacos. O pessoal da coleta seletiva passaria somente na semana seguinte. 
     A única coisa que não deixava Carol esquecer-se da data era o fato de ter de voltar ao trabalho já no dia 2 de janeiro. Maldito mercado de trabalho que lhe dava uma mirrada semana de férias em troca de exaustivas oito horas de trabalho  diárias, durante um ano inteiro. 
      A rotina ininterrupta de anos pintou a vida de Carol de cinza. Ela nem sabia mais se estava cansada, feliz, triste ou decepcionada. Se tinha mesmo a vontade de viajar e conhecer lugares diferentes que expressava, sem concretizar, todo final de ano, ou se dizia isto apenas por dizer e na verdade preferia mesmo ficar em casa como sempre. Ela se sentia como se estivesse se perdendo com o tempo.   Não era mais ela. 

Léo continuava dormindo.


31 de dezembro

Meio-dia. 

      Léo levantou-se, as costas doíam.Carol já havia se levantado. Como ele gostaria que ela relaxasse um pouco, para acordar ao lado dela. Provavelmente ela já estava preparando o almoço, ou limpando o lado de fora da casa, ou talvez até escrevendo sem parar no Facebook. 
      Há anos, os dias entre dezembro e janeiro eram assim. Dormir tarde, muito tarde mesmo, prometer levantar mais cedo para deixar algumas coisas organizadas e constatar que novamente só se conseguiu acordar ao meio dia, tomar uma xícara de café e almoçar lá pelas quatro da tarde, depois de ficar assistindo vídeos no youtube ou sitcoms na tv aberta. 
     A única coisa que não deixava Léo esquecer-se de que dia da semana estava, era o  movimento intenso nas ruas e o fato de ter de voltar a trabalhar no dia cinco de janeiro. Pelo menos neste ano voltaria a trabalhar em uma segunda-feira, mas ainda assim descontente. As férias eram breves demais! Trabalhara até o dia vinte de dezembro, quase não conseguira fazer as compras de Natal e agora que estava começando a organizar algumas coisas que deixara para as férias, já chegava a passos largos a hora de voltar à rotina. E pensava consigo mesmo: que bom se eu fosse meu próprio patrão! Como gostaria de fazer uma viagem de avião nas férias.. mas isso fica só nos sonhos por enquanto. 
    A rotina ininterrupta de anos deixou Léo sem saber se continuava fazendo o que fazia por prazer, por costume ou por obrigação. Sentia-se como se estivesse no piloto automático. 

Carol estava lendo blogs de moda na internet. 


31 de dezembro. 

Seis da tarde. 

    Carol e Léo já almoçaram, cada um voltou ao que fazia. Léo consultava páginas sobre aeromodelismo na internet, Carol lia um livro sobre empreendedorismo. Coisas que eles sabiam que não se concretizaria. Carol foi trocar de roupa, iria à missa. Léo resolveu ir junto. 

    Sete da noite. 

     Enquanto o sacerdote erguia as ofertas no altar, Carol pensava se faria um jantar ou não. Provavelmente ninguém os visitaria esta noite. Mas não custava fazer algo diferente. 

Nove da noite. 

     Léo, como sempre, fez uma lista de resoluções, que foi rápida: bastou riscar o que cumpriu no ano anterior e deixar o que faltava ser cumprido. Nada de extraordinário para quem levava a vida no piloto automático.
Carol tinha o mesmo costume, porém já havia jogado fora três rascunhos, pois gostava de fazer listas separadas por setores de sua vida. Notou que a maioria das resoluções eram iguais às do ano anterior, que por sua vez eram iguais das do outro ano. Nada estranho para quem tinha uma vida cinza. 


31 de dezembro 

Onze da noite. 

     Por superstição, costume, tradição ou sabe-se lá por que, Carol e Léo foram ao quarto ao mesmo tempo. Despiram-se, trocando suas roupas por outras, brancas.Um nem notou o outro despindo-se,estavam demasiadamente acostumados  a fazer isto. Foram até a varanda e ficaram conversando sobre assuntos triviais, até o início dos fogos anunciando o Novo ano. 

01 de Janeiro

Meia-noite. 

- Feliz ano novo, amor. 
- Feliz ano novo para você também. 

Assistiram aos fogos em silêncio, até findarem. 
Foram ao quarto, despiram-se
As luzes se apagaram. 
Antes do beijo de boa-noite, Léo suspirou:
- Vamos fazer algo diferente este ano?
- Seria bom, concordou Carol. 
- Te amo. 
- Eu também. 

01 de janeiro. 

Dez da manhã. 

    Carol levantou-se. A cabeça doía.Ao lado, Léo ainda dormia profundamente; era inútil tentar acordá-lo.

Meio-dia.

Léo levantou-se, as costas doíam.Carol já havia se levantado. Como ele gostaria que ela relaxasse um pouco, para acordar ao lado dela. 

O Ano Novo começou, aguardando pessoas novas. 

20 de nov. de 2013

Me despeço, mesmo sabendo que não estás ouvindo agora.

Como sentir saudades de quem não chegou a conhecer?
Como se despedir de quem não chegou a existir? 
Como lidar com a frustração da expectativa deixada no ar?

Descobri que sim, é possível sentir saudades do que ainda não houve. 
Que é possível sentir tristeza por alguém que não cheguei a conhecer. 
Que é possível converter em muito pouco tempo a alegria em frustração. 

E que, em menos tempo ainda, dá para converter a tristeza em esperança. 

Despeço-me hoje, depois de uma semana de esperança, de alguém que não cheguei a conhecer. 
Você, cuja presença desconfiei existir há menos de um mês atrás. Que mesmo ainda não existindo de fato neste mundo, já estava confirmando sua presença, mandando sinais. 
Acolhi -acolhemos - com muito amor esta esperança, esta expectativa, esta felicidade. 
Cercamos de cuidados, fizemos planos, conversamos muito. 
Toda noite,antes de dormir, conversávamos com você, eu (o? a? ) acariciava, mesmo sem alcançar fisicamente,mandando todo o  meu, todo  o nosso amor.
Que nome você teria? Pensamos em alguns, e nos acostumamos a fazer piadinhas volta e meia, mencionando você. 
Como te amamos! 

Mas você precisou ir , antes mesmo de eu poder ver seu rosto. Antes mesmo de podermos tocar em você. 

E ficamos sabendo, depois de uma semana de apreensão, de cuidados extras para que você não fosse embora, de um misto de esperança e temor... que você nunca existiu. 
Mesmo sabendo que você não sofreu, isso dói. 
Acabamos de saber que ganháramos um presente, e nos foi tirado tão depressa!
Toquei, acariciei, conversei com você, mas você não estava lá. 
Preciso de um tempo para chorar, para me reestruturar. E principalmente, para começar de novo.

Mas não irei me abater. Sei que mais bons momentos estão reservados para nós, e talvez um dia, você apareça. De verdade. E nós três iremos ser muito felizes!!! 


20 de novembro, 2013



(Infelizmente essa postagem é totalmente pessoal) 


 

15 de mar. de 2013

Boulevard Of Broken Dreams

 A noite cai, e a neblina vem chegando de mansinho. O frio envolve meus braços - quem mandou sair sem blusa? Encolho-me em mim mesmo e sigo caminhando. 
Não lembro que hora saí, não sei que hora volto para casa, e se volto. 
Sim, chegou o dia. O dia em que a solidão parece maior que tudo. 

A rua está vazia, uma avenida de sonhos despedaçados abre-se à minha frente e sigo só. Na rua vazia, escura e fria. 
Não espero por alguém que apareça de repente, nem por mãos estendidas, ou que se materialize qualquer ser perguntando o que pode fazer para me ajudar. Há muito não alimento mais esse tipo de ilusão. 

Sempre me gabei de não criar fantasmas, de não viver de ilusões. De encarar sem medo a dureza da realidade da vida. Criei um caminho próprio, apenas para mim. O problema é que só eu pude trilhá-lo.. no processo não trouxe mais ninguém comigo.

Mas hoje, hoje... um pouco de ilusão faria bem. 

Sonhar faria bem. 

Ao menos não estaria vendo uma cidade a dormir, enquanto ando só.Meus sonhos cansaram de esperar por mim, e me abandonaram. Minha sombra parece querer fugir em algumas calçadas desta solitária e cinzenta rua. O limite entre a realidade e a paranoia está muito tênue agora. Os dias se dividem entre ruins e nem tanto, o café fica amargo. O frio penetra nas mais grossas roupas. 
Pago o preço por ter me afastado das pessoas, quando a verdade era só minha. E o troco dói pela primeira vez. Abri mão dos sonhos e depois de tanto tempo, não resta nada para fazer ou para ser.... como vai ser a partir de agora? E se eu quiser retornar e construir outra estrada, conseguirei? Agora que esta estrada é um lar para mim... posso abandoná-la? 


(sei que não precisava escrever isto, mas... não, não é autobiográfico. Esclarecimentos feitos, voltamos à programação normal)




Eu ando em uma estrada solitária
A única que eu conheci
Não sei até onde ela vai
Mas é um lar para mim e eu ando só

Eu caminho por esta rua vazia
Na alameda dos sonhos destruídos
Onde a cidade dorme
E eu sou o único e ando só

Eu ando só
Eu ando só
Eu ando só
Eu ando...

Minha sombra, é a única coisa que anda ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que bate
Ás vezes eu desejo que alguém aí fora me encontre
Até lá, eu ando só

Ahh Ahh Ahh Ahhh
Ahh Ahh Ahh Ahhh...

Estou andando na linha
Que me divide em algum lugar na minha mente
No limite da margem
E onde eu ando sozinho

Leia nas entrelinhas do que
Está arruinado e o que está tudo bem
Checo meus sinais vitais, para saber se ainda estou vivo
E eu ando só

Eu ando só
Eu ando só
Eu ando só
Eu ando...

Minha sombra, é a única coisa que anda ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que bate
Ás vezes eu desejo que alguém aí fora me encontre
Até isso acontecer, eu ando só

Ah-Ah-Ah-Ah-Ah-Ah- Ahhh
Ah-Ah-Ah-Ah Eu ando só, eu ando ..

Eu caminho por esta rua vazia
Na avenida dos sonhos destruídos
Onde a cidade dorme
E eu sou o único e ando ...

Minha sombra, é a única coisa que anda ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que bate
As vezes eu desejo que alguém aí fora me encontre
Até isso acontecer, eu ando só!

6 de mar. de 2013

Céu Azul

 A morte de Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr, me chocou um pouco... Há tempos, confesso, não acompanhava mais o trabalho da banda - mas achava muitas letras boas, reflexivas. 

Interessante notar que alguém que valorizava tanto a vida em suas letras, nos últimos tempos andava deprimido, (o motivo era justo...) A causa da morte ainda não está definida,mas o modo como o apartamento estava, a sensação de perseguição, enfim.. leva a acreditar em um quadro depressivo. 

Cada um lida com seus problemas de uma forma diferente... pena ele não ter conseguido "segurar o rojão", como vários outros artistas que também se foram. 

Cada um sabe de sua dor, sabe dos seus espinhos e das pedras em seu caminho. Então, descanse em paz... 

Abaixo, uma das músicas que gosto.. pela letra, pela melodia que acalma, pela voz. Enfim, conjunto da obra. 

Até a próxima.




21 de set. de 2012

Várias Facetas, Várias Vidas - 5ª Parte (III)

SUZANA

     O dia vai se arrastando.. me esforcei, atendi a tal cliente com um sorriso no rosto, fui educada e tal.. mas foi um pouco difícil para mim, vencer velhos hábitos não se faz de uma hora para outra.  Me sinto cansada, mas ao mesmo tempo bem. Lembrei porque estou na empresa, estou a serviço! 
    Como vou querer melhorar o salário, crescer na vida, se continuar sem ânimo? O chefe deve gostar muito de mim, pois já poderia ter me mandado embora.
     As horas passam. Ainda bem que agora, o sr. Geraldo deu uma saidinha.. mas deixou o rabo dele aqui. A tal da Ana, começou um ano depois de mim e virou puxa-saco dele. E agora está querendo se aproximar de mim, o que será que ela quer? 
    Minha mente é negativa demais, penso eu. Quem sabe, ela não seja bem intencionada. A culpa de eu continuar na recepção é minha, eu que desanimei cedo demais. Até esqueci por que me candidatei ao emprego! Ironicamente, eu gostava de estar perto de pessoas, de conversar. E o que eu tenho feito nesses últimos anos? Cada vez masi estou ficando monossilábica!!! 
Quer saber? Vou fazer uma faculdade. Pronto. Sacudir o marasmo de vez.   
    Chega de ficar dando bola para as reclamações da minha mãe, que me cobrava por chegar tarde das festas com amigos. Ela vai continuar reclamando, mas pelo menos agora vou chegar tarde da faculdade. E se possível, almoçar fora. Preciso ficar mais animada,pois estou nesse estado por culpa minha mesmo.. passei tempo demais fazendo de conta que ainda era adolescente, participando de encontros de jovens mesmo depois que meus melhores amigos saíram. E ficar em casa está me fazendo mal.Compreendo que minha mãe já tem idade, mas ela anda me pondo muito para baixo. 
     Lá vem a Ana... 
 - Oi, Suzana, tudo legal?
- Claro, está um dia tão lindo...
- Também gosto de dias assim. Ei, vamos almoçar juntas? 
- Vamos! 
  Me assusto com meu próprio entusiasmo. Em seis anos, pouquíssimas vezes almocei com alguém da empresa. Ana vai à frente, para verificar se há mesas disponíveis ainda, pois o ponto é concorrido. Digo a ela que já venho - esqueci de pegar minha bolsa e preciso voltar. 
  Assim que saio da empresa, vejo pessoas se desviando de algo na calçada, vários metros à frente.Parece um embrulho.. será que alguém jogou lixo logo ali? Não, é algo maior.Minha curiosidade se aguça, parece que vi aquilo mexer. Me sinto atraída por aquela forma indefinida. É uma pessoa, vestida de preto.. chegou mais perto. É um rapaz, e está chorando! Um sentimento de ternura e compaixão surgem de repente... 
 - Moço... está tudo bem?
Argh, como sou idiota. O cara está chorando! 
- Desculpe a pergunta boba..mas.. posso te ajudar? Fazer algo por você?
Ana deve estar me esperando, mas não me importo agora. Vejo uma mecha de cabelos loiros se mexendo... ele me ouviu. Será que vai falar comigo ou me escurraçar? Terá boa índole? Me arrisquei demais falando com um desconhecido? Mas ele está chorando.. 
Lentamente, o rapaz levanta a cabeça....

12 de set. de 2012

Metallica, Chuva e Pensamentos Voejantes

O player do computador está tocando Of Wolf And Men, e ouço barulho de vento e chuva lá fora. Até que tem harmonia nisso tudo. Estou sentada aqui faz alguns minutos, eu havia tido uma ideia legal para meu trabalho. Mas, como sói.... foi sentar aqui, ligar o editor de texto e a ideia fugiu. E nem adianta fazer como um colega meu, professor, que quando esquece algo fica recitando as letras do alfabeto.. sim,quando chega na letra inicial do que ele esqueceu, lembra e continua o trabalho. Isso não funciona comigo.
E agora, o que faço da minha vida sem você, o que eu ia escrever mesmo? Poxa, era uma ideia tão legal... acho que se houvesse alguma máquina portátil que registra a atividade do cérebro, nesse momento apareceria o desenho de uma caixa craniana vazia. Maldição! Era um roteiro de planejamento tão legal... tinha algo a ver com... a, b.... peraí, já disse que isso não funciona! Isso que em menos de cinco minutos já abri o player, o Metallica continua tocando aqui, já abri umas trocentas mil abas no navegador da internet porque lembrei de um monte de coisas que tinha de atualizar e não terminei de digitar o endereço do meu e-mail. Daqui a pouco vou ter de jantar e tenho na minha frente um computador com um monte de coisas abertas, sem usar de verdade nenhuma delas. Esse é um dos males da tecnologia, penso eu. Já lembrei de pedaços de música, das crianças lá da escola, do que vai ter no jantar, até a musiquinha dos smurfs já veio na minha mente, mas o que eu ia escrever mesmo?
Não, não sou hiperativa, estou é me autosabotando. Ou será auto-sabotando? Ainda não assimilei toda essa reforma ortográfica. Não lembro onde está meu dicionário e me recuso a abrir mais uma aba no navegador para procurar o dicionário on-line.
Minha mente parece com o caos, cadê uma entidade para dizer a ela “Faça-se a luz”? Ei, espera, essa entidade sou eu!
Lá vou eu pegar a agenda do que quero fazer hoje. Agora vão pelo menos uns cinco minutos até conferir a lista.
O que? Já faz uma hora que estou aqui? Oh, droga, preciso sair! Seja lá o que eu tinha para escrever, espero que não seja importante. Lá vou eu....

28 de ago. de 2012

Balada do Céu Negro

Era noite, e Lúcia ia caminhando sem pressa, silenciosamente. Cabeça baixa. Volta e meia chutava uma latinha, metal ecoando pela rua deserta.
Céu negro. O luar havia sumido, a chuva não tardaria.
Negro. Céu. Coração. Dia.
Mais uma vez, voltava para casa sozinha, ruminando seus pensamentos. Era assim, desde que descobrira que seu primeiro amor, na verdade, nunca fora recíproco. Adilson era tão imaturo! E Lúcia, uma boba.
Foram meses apenas trocando olhares; semanas conversando, se conhecendo, e Lúcia tolamente se apaixonando. "Que legal, finalmente aconteceu comigo! Agora sei o que é amar"
Não, ela não sabia. Como também não sabia que Adilson apenas queria "ficar".
"Burra, burra"! Pensava consigo."Fiquei tanto tempo me arrumando, com o coração aos saltos cada vez que a gente se encontrava em alguma festa. Achava que ele também era apaixonado por mim".
A paixão durou até a festa seguinte, quando Lúcia o viu com outra menina, amiga dela.
Tentou se iludir, "estão apenas conversando".
Adilson a viu, fez sinal. Foram até a pracinha conversar, e ela ouviu:
" Eu estou muito confuso, então gostaria de dar um tempo".
Em menos de meia hora, ele já estava dando um tempo e sabe-se lá o que mais, com a outra menina!
E como arrancar o que estava sentindo? Ele a procurou outras vezes, e ela não conseguia resistir.
"Fraca!"
Mas esta noite fora diferente. Ela o deixara lá, plantado. Adilson chegara até a mesa em que Lúcia estava, querendo "dar uma volta",e ela finalmente reuniu coragem e disse "não".
Foi embora. E agora estava na estrada, indo para casa, logo perto. Chutando latas e pensamentos. Iria arrancar esse maldito sentimento e crescer!
"Argh, adolescência, por que prega essas peças? Isso vai passar?
Vai. Vai passar."

E continuou seu caminho, cantando baixinho a Balada do Céu Negro.
 



Não há nada que acalme um coração que faz
Do amargo seu sabor
Nada basta a minha alma que reclama sem paz
Os teus beijos sem amor
Vejo céu negro derramar
sobre a cidade a sua dor

Meus olhos no rastro do sol
que a tempestade nunca apagou
pra onde vão desejos?
palavras sem razão?
Pra onde vão palavras?
versos ao vento vão 


18 de jul. de 2012

O Salto ( para a derrocada)

Imagem tirada da Wikipédia
As ondas de vaidade inundaram os vilarejos
E minha casa se foi como fome em banquete
Então sentei sobre as ruínas
E as dores como o ferro e a brasa e a pele
Ardiam como o fogo dos novos tempos

Onde eu estava com a cabeça? Fui me deixar levar pela vaidade, pela jactância, e agora estou aqui, cabeça entre as mãos, contemplando as ruínas de meu orgulho.
Que adiantou tantos anos se impondo, usando escadas vivas para alcançar um topo, sempre tornado inatingível pela ganância?

Novos tempos se anunciam. Não há mais espaço para pessoas como eu. 

E regaram as flores do deserto
E regaram as flores com chuva de insetos
E regaram as flores do deserto
E regaram as flores com chuva de insetos

Estrago tudo o que eu toco, quebro de vez tudo o que tento consertar. Com os cacos de minha autoconfiança desfeita monto este rosário de queixas e vergonha que me tornei,  por culpa total e completamente minha. 


Mas se você ver em seu filho
Uma face sua e retinas de sorte
E um punhal reinar como o brilho do sol
O que farias tu?
Se espatifaria ou viveria
O espírito santo?

Não tenho mais o que fazer. Me servi do poder, me embriaguei com palavras vãs, enredei seres criados à minha imagem e semelhança em promessas doces e amargas desilusões, tudo para me sentir pleno. Ignorei completamente a lei do bumerangue: o que é lançado, volta para quem lançou.

Aos jornais
Eu deixo meu sangue como capital
E às famílias o punhal
À corte eu deixo o sinal, sinal!
E regar as flores do deserto
E regar as flores com chuva de insetos

Deixo o sinal de meu completo fracasso como pessoa humana: um império em ruínas para meus descendentes. O punhal da vergonha cravando-se na vida deles. O meu sangue impuro, de pessoa impura, perpetuará nas gerações futuras, contra minha vontade. Serei mencionado nos diversos jornais, porém isso não importa mais agora.
Escrevo esta última carta, e vou-me para o deserto, para ser esquecido, carregando junto comigo essa chuva de acusações, pecados pesando sobre minha cabeça como chuva de insetos.
Unirei-me às dunas de areias, desintegrarei-me e, esfarelado, transportar-me-ei para destinos ignorados.  Sem deixar traços.




9 de fev. de 2012

Carta encontrada em cima do travesseiro.

                     "As cicatrizes da alma... Essas não saram". 
                                       (Athange Ferreira, em entrevista ao blog  Escritos Lisérgicos)


Sim.
Você conseguiu...
Agora, olhando-me ao espelho, tenho certeza. Você conseguiu.
Conseguiu despertar o pior de mim, tirar minha felicidade... roubar minha alegria de viver, aos pouquinhos,tirando um pedaço de mim cada vez que discutíamos.
Deus, como eu tentei ajudar você! Cada vez que você caía na fossa, cada vez que você ficava deprimido.

17 de nov. de 2011

Não vou escrever agora.


Sentada na frente do monitor. 
De novo. 
Alguém escreveu que hoje é o dia da criatividade... então ela fez o mesmo que seres humanos fazem: tiram folga em seu dia. 
Lembrei de um escritor, que certa vez disse: " Todo mundo tem um dia em que, não sabendo sobre o que escrever, fala da falta do que escrever". Ou, algo do gênero, sei lá. 

Enfim... há tantos assuntos, desde as subcelebridades que acham que basta emplacar um rostinho bonito e corpo malhado e comprado para fazer sucesso, até a dissecação das ideias de Stephen Hawking, mas há dias em que nada parece favorecer a quem quer escrever algo. 

14 de set. de 2011

Vazio...



















Sensação de vazio...








Vazio silencioso


Vazio produtivo



Vazio estéril




Vazio meditativo





Simplesmente




Vazio.

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 Bom dia, boa tarde, boa noite! Tudo bem?  Chegando mais uma edição da nossa blogagem coletiva semanal!  Quem tem cantinho (ou até mesmo qua...

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