E o livro escolhido é....
FARENHEIT 451 - Ray Bradbury
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Algumas das muitas capas que o livro recebeu ao longo de mais de 60 anos. |
O livro foi censurado em várias ocasiões e em diversos países, por conter linguagem considerada pesada, relato de violência e uso de drogas. A própria editora Balantine Books modificou mais de setenta passagens do livro entre os anos de 1967 e 1979, eliminando palavras como "aborto" e "inferno".
Guy Montag é um bombeiro, cuja função neste futuro é queimar os livros que são clandestinamente escondidos nas casas dos moradores da cidade.No início da história, Montag está satisfeito com seu trabalho e admira o fogo.
Porém, parágrafos, linhas lidas ao acaso durante o trabalho despertam sua curiosidade e Montag acaba escondendo vários livros em sua casa - porém, não os lê, não ainda.
Uma bela noite, após encerrar seu turno de trabalho, Montag encontra uma vizinha adolescente, Clarisse, andando pela rua, e ela o intriga com uma simples pergunta: "Você é feliz?" Ao voltar para casa e ter de chamar atendimento médico para sua esposa, vendo a frieza com que os profissionais a tratam,Montag sente-se incomodado com a sociedade em que vive.
Nos dias seguintes, Montag e Clarisse conversam várias vezes, o que provoca mais reflexões sobre a vida dele. Os livros escondidos em sua casa o assombram e ele já está muito desconfortável em sua função na sociedade.
Após um evento impactante envolvendo mais uma queima de livros, Montag sente-se doente e não vai trabalhar. Seu chefe, Beatty, vai visitá-lo e aí está uma das partes do livro que mais me chama a atenção:
A alienação e o gosto por banalidades fica evidente no perfil da esposa de Guy, Mildred, que se esforça para não pensar, não questionar, força-se a ser feliz na alienação.
A felicidade precisa existir a qualquer custo, de acordo com o discurso do chefe Beatty, e por isso os livros foram banidos: para não atiçar a consciência, não ofender as minorias, os diversos grupos, não levar as pessoas a sentirem-se infelizes questionando o mundo à sua volta.
A partir daí, Montag entra em um caminho sem volta, lendo os livros que escondeu na casa e pagando um preço por esta ousadia. Não adiantarei mais nada do enredo,pois não é minha função aqui contar o livro todo, porém está claro como o dia que a vida de Guy Montag não será mais a mesma.
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Desenho de um Sabujo, cão eletrônico programado para caçar presas -ou pessoas. |
Ray Bradbury comentou, em uma ocasião, que o livro fala sobre como a televisão destrói o interesse pela leitura.
É impossível não traçar paralelo com a realidade de hoje, em que a tecnologia criou tantos meios para as pessoas interagirem, porém aumentando a solidão. Televisores cada vez maiores, entretenimento, pão e circo, redes sociais e conversas alienantes. A diferença é que hoje em dia há espaço para discussões nas redes sociais e pessoas que questionam os programas de televisão, ao passo que no futuro de Farenheit 451 as pessoas simplesmente não questionam, aceitam o sistema imposto e os que não concordam ficam escondidos ou são perseguidos...bem, talvez não tão diferente assim...
Comumente diz-se que o título do livro faz alusão à temperatura em que o tipo de papel de que os livros são feitos pegam fogo.
Este livro virou um filme em 1966, claro que há diferenças no enredo em relação à história original, mas vale a pena assistir. (Sou suspeita para falar, prefiro o livro, mais denso em minha opinião)

Demorei para conseguir este livro, agora que consegui só tenho uma palavra: RECOMENDADÍSSIMO!
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