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25 de jul. de 2021

Paz sem voz não é paz, é medo


Quando estava no segundo grau, que hoje em dia se chama Ensino Médio, um texto chamou-me a atenção, impressionando de tal forma minha cabeça adolescente que anotei-o no meu caderno de rascunhos:

"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."


Ainda lembro do livro onde li este trecho, da impressão que me causou e de como essas palavras ecoam em minha mente desde então, quase vinte e cinco anos depois. 

Sempre o achei tão contundente, e ele também me lembrava muito a escrita de Bertolt Brecht: 

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

................................................

Os dois textos se relacionam muito quando notamos que deixamos de nos solidarizar, de sentir as dores de nossos irmãos, de mostrar nossa indignação, nem sempre por conivência ou por falta de empatia e sim por medo. Medo da repressão, medo do julgamento, medo de ver ruir nossa pequena estrutura de paz e sossego tão instável. 


Graças à internet, encontrei o restante do texto daquele trecho que tanto me marcou. É um poema de autoria de Eduardo Alves da Costa, o qual deixo abaixo: 

NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!


Queria destacar alguns trechos, mas acabaria destacando o poema inteiro! 
O que podemos fazer para não ficar "sem dizer nada" e por temor, nos calarmos enquanto esperamos inutilmente a democracia aparecer no balcão? 

Cansei de passar tantos anos na escola e na faculdade ouvindo que "um outro mundo é possível", tantas trocas de ideias e até agora parece que nem um centímetro deste outro mundo possível chegou perto da gente. Tem dias que a gente acaba torcendo para que o que chegue mais perto seja o meteoro de uma vez, pois a impressão é de que estamos  vivendo presos dentro do clipe de Do The Evolution, do Pearl Jam. 

Mas nós, pequenos seres humanos vivendo no pequeno ponto azul no imenso espaço, também temos representantes de nossa espécie que "possui a estranha mania de ter fé na vida" e por isso mesmo nos piores momentos não conseguimos, e não queremos, desistir de vez. Precisamos manter nossa alma "armada e apontada para a cara do sossego", como dizia a música d'O Rappa, já que  "paz sem voz não é paz, é medo". Afinal,  "Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz?"


"Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre" (...)
é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida


------------------------------------------------------------------------------------------

(Gosto muito de ouvir música, cantar e às vezes tentar tocar. Já escrevi muitos textos baseados em canções de diferentes gêneros, e enquanto traçava o começo deste texto, foi inevitável pensar em algumas músicas. Abaixo, deixo as canções que me fizeram rascunhar este costurado de ideias)




Do The Evolution -  Pearl Jam




Maria, Maria - Milton Nascimento





 A minha alma  (A paz que eu não quero) - O Rappa





Até a próxima!!!

16 de mar. de 2020

Hole in My Soul

(Às vezes gosto de escrever ouvindo música, criando textos embalada pela melodia, pela emoção na voz dos vocalistas, pelas letras, enfim!) 






Há um buraco em minha alma e ele não quer fechar.
Há um buraco em minha alma, e não sei se quero que ele feche.
Há um vazio doloroso, estranho. Uma sensação quase rotineira.

Andando em uma terra sem dono.

Tenho a impressão de que este vazio é necessário. Se eu conseguir preencher este buraco, este vazio, esta ausência, algo que faz parte de ser eu vai sumir, e tenho medo de quem posso me tornar se este buraco sumir. 

Tem um buraco na minha alma que esta me matando há tempos/É um lugar onde um jardim nunca cresce.

Porque estou acostumada com ele, confortavelmente estranha com ele.
O mesmo vazio que me mata lentamente me faz sentir viva.

Me diga como se sente sendo
Aquela que gira a faca dentro de mim.

O vazio que me paralisa também serve para fazer com que eu continue caminhando, querendo e ao mesmo tempo temendo preenchê-lo. 

Minhas lágrimas viraram poeira/E estou totalmente vazio
(Às vezes me sinto quebrado e não posso ser consertado)

É estranho e não tem explicação, porque talvez não seja para haver alguma.





( A legenda no vídeo pode apresentar alguns erros.. Não fui eu quem traduzi, ok?)

1 de jul. de 2018

Eu tenho muito mais para dar

(atualização: tradução da música logo abaixo do vídeo - tem uns errinhos, mas logo que conseguir vou ajustar)

Você quer saber como será nosso futuro,enquanto eu ainda me perco caçando vaga-lumes.
Me perdoe!Me perco muito ainda.

Você diz que já viu de tudo, e eu ainda estou me maravilhando com todos os possíveis sabores de sorvete.

Você quer saber o que a vida reserva,  e  eu ainda estou aprendendo a viver.
Você só quer um porto seguro, enquanto eu ainda estou brincando na chuva.

Você quer que eu coloque um casaco extra na bolsa, e eu estou vendo desenhos em nuvens, procurando o pote de ouro no final do arco-íris. 

Eu simplesmente procuro outro sonho, quando não posso ter o que quis. Miro por uns instantes minhas esperanças despedaçadas, mas logo as transformo em caleidoscópios.

Às vezes quero te dar razão, e levar a vida mais a sério,
Mas esta é a única vida que terei, a única chance de rir, chorar, procurar sonhos, amar.

Não vou fugir do inevitável, não vou me fechar em um castelo. Mas é bom ter uma torre para se refugiar às vezes. Você sempre me encontrará lá quando isso acontecer.






REFRÃO

Eu não vou chorar 
Tenho mais tempo para dar 
Eu não vou chorar 
Encontre outro sonho 

Eu sou incapaz de me curar? 
A lembrança da minha queda da graça em seu coração 

Estou na minha jornada para casa sem combustível, sozinho 
Eu acho que vou parar por um tempo 

(refrão)


Porque estou prestes a resolvê-lo 
Coloque meu motor de volta no overdrive 
Então eu posso respirar de novo, fotossintetizar novamente 
Com as colinas verdes da minha casa 

(refrão) 

Eu não vou chorar 
(Salve o caminho para mim) 
Tenho mais tempo para dar 
(Está ficando desagradável) 
Eu não vou chorar 
Encontre outro sonho 

Mas se eu acertasse, você me diria 

E se eu estivesse errado, então eu desapareceria 
Mas sou incapaz 

Eu não vou chorar 
(Diga o caminho para mim) 
Tenho mais tempo para dar 
(Está ficando desagradável) 
Eu não vou chorar 
Encontre outro sonho 

7 de fev. de 2018

Cuidado com Você!




Não é segredo para ninguém que cresci ouvindo Titãs e que é uma das minhas bandas favoritas, mesmo não estando tããããão na mídia ultimamente ( e quem liga para isso? Tem banda muito, muito boa que não está tão em evidência.. eu deveria fazer um post sobre isso).

Enfim, esta faixa é de um álbum deles chamado A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana - aliás, a faixa que dá título a este álbum é ótima também. Lançado em 2001, este CD tem muitas músicas muito boas, bem ao estilo Titãs de fazer letras críticas em alguns momentos e esperançosas em outros.

Nem deu para perceber que este CD é um dos meus preferidos, né? Rsrsrs.

'Cuidado com você", última faixa deste CD ( que eu tenho em casa, naquela época eu comprei CD's com certa frequência), pode ter diversas interpretações:  será que fala do egoísmo, do individualismo crescente? Fala de paranoia? 

Acho que a intenção desta letra é deixar meio em aberto, mesmo.

Desde a primeira vez que ouvi, imaginei que era uma crítica ao egocentrismo, individualismo.. Mas pensando um pouco mais, algumas frases também se encaixam em um comportamento paranoico. ("estão olhado pra você, estão falando de você, a chuva é pra molhar você...)

E pensando ainda mais um pouco, estes dois comportamentos podem ser complementares de certa forma.

Quando mais individualista for uma pessoa, quanto menos se importar com os demais, mais irá imaginar que tudo o que acontece ao seu redor e que lhe afeta, só pode ser por sua causa ou para lhe servir. ("Quem tem dinheiro te roubou(...), " o prazer é todo seu, se você entra a casa é sua")

 Egocentrismo é uma fase normal do desenvolvimento do ser humano, que acontece na infância ("todos são espelhos pra você, só pra você a vida corre,quando você dorme o mundo morre"), mas que, nota-se, muitas pessoas não conseguiram deixar lá na infância.

E este comportamento está se escancarando nos tempos atuais. Condutas como " se eu estiver bem, dane-se os demais" e " antes ele do que eu", ataques a pessoas que pensam diferente nas redes sociais - e fora do ambiente virtual também, a tendência a tomar quaisquer comentários ouvidos ou lidos como ataques pessoais.. o que é isto a não ser a concretização destes versos:


Estão olhando pra você,
Estão falando de você, 
A chuva é pra molhar você,
A guerra é pra matar você
A reza é pra salvar você, 
Cachorros latem pra você, 
Cuidado com você
Cuidado, cuidado, cuidado!
Com você! 



Podemos também notar que a advertência "cuidado com você!" Pode ter dois sentidos: a pessoa tem de se cuidar "até morrer" , já que "só para ela a vida corre", já que tudo acontece para ela e por causa dela. Ou também pode significar para a pessoa tomar cuidado para não virar inimiga dela mesma. 

"Até, até, você morrer, cuidado, cuidado com você!" pode ser perfeitamente esta advertência: tome cuidado com seus pensamentos, com o que você pode acabar fazendo contra si mesmo. 
















1 de fev. de 2017

Rock and Roll All Nite


        A guitarra já estava afinada. A bateria, colocadinha lá no palco. O baixo, nas mãos de seu dono. Casa cheia, seria uma noite ótima! Clarissa já ouvia em sua mente os acordes do baixo. Tum, tum, tum... dedilhava no ar uma de suas músicas favoritas. O grupo tocaria hoje covers do Kiss e, se desse tempo, Iron Maiden . Baixo. Um dos sons que as pessoas menos prestavam atenção. Discreto como Clarissa. Muita gente esperava os shows de rock para ver os trejeitos e solos de guitarra ou delirar com o baterista colocando sua força nos pratos e tambores, mas Clarissa sabia. 

        A música é isso, tem de ter a harmonia. Rock não é só bateria e guitarra. Sem o baixo, muitas músicas não teriam a graça que tem. “Se você está aqui, dos Titãs”, por exemplo. Caramba, teria muita diferença se não fosse o som do baixo na música o tempo todo, preenchendo com seu tom grave o refrão e o tempo sem voz. Nem todos prestam atenção, mas faria falta sim. Da mesma forma que ela e a equipe de trabalho. Todos viam os músicos no palco, mas poucos paravam para pensar no trabalho de toda uma equipe, mais numerosa que os componentes da banda, que passariam facilmente despercebidos na rua. Toda uma equipe trabalhando para um resultado final.

A banda logo se apresentaria. Clarissa verificou novamente se todos os itens essenciais no palco estavam em seus lugares. O guitarrista dava uma última verificada em seu instrumento. As luzes estavam sincronizadas, já haviam sido testadas. Desde as duas da tarde, quando começou a passagem de som, Clarissa estava lá. Chegou até a dedilhar no baixo alguns acordes de Babilônia Blues. Faltavam menos de cinco minutos para o show começar. Todos já estavam a postos. Clarissa fez um silencioso sinal de positivo com o polegar, e todos foram ao palco.

Continuava ali, assistindo dos bastidores. Ganhara o baixo do seu pai, e ainda o conservava bem. Tocava eventualmente com alguns amigos, mas ainda não cruzara a fronteira que a separava do palco. Há alguns anos conseguira este emprego, nos bastidores. Sempre eficiente e meticulosa, era a funcionária favorita da banda, porém por alguma razão que talvez fosse maior que simples timidez, não manifestava sua vontade crescente de estar no palco com os músicos, em vez de apenas contemplá-los tocando após todo o trabalho. Fazia parte da banda, de alguma forma. Se não estivesse ali para checar o som, luzes, passar a playlist e providenciar outros artigos de necessidade, os shows não aconteceriam com o mesmo brilho. Ou talvez nem acontecessem. 

O que seria da banda se de repente Clarissa revelasse seu gosto por tocar, nem que fosse para juntar-se à eles  ao final dos shows, para relaxar após tudo estar pronto para seguir estrada? Tudo ia tão bem do jeito que estava. A vontade crescente de dividir um palco e vibrar com a música conflitava com a responsabilidade de montar os shows.


Enquanto a música contagiava o ambiente e a galera ia ao delírio com “I wanna Rock and Roll All Night”, Clarissa discretamente buscou o baixo que estivera dentro do carro e, aproveitando um canto nos bastidores em que poderia ver seus amigos na banda sem deixar-se notar, foi dedilhando notas que somente ela ouviria. Não deixaria de praticar. Quem sabe um dia.


25 de abr. de 2016

Under the Bridge - Nostalgiando!


Quando foi que me perdi, e fiquei apenas com as ruas da cidade e o fantasma de alguém  para me fazer companhia?

Às vezes sinto que não tenho ninguém, às vezes alguém que nem lembro mais se é real traz lembranças boas que roçam minha face e meus pensamentos, como  o alentador vento fresco da manhã, ou do fim do dia. 

Quero voltar ao que era, aos lugares e pessoas que amava, mas caminhando por estas ruas que são agora minha casa, não sei se consigo encontrar este caminho. 

Por hora, ou por sempre, fico. 

Entreguei minha vida e o pouco que tinha à ilusão que no início era doce, mas agora amarga como fel em todo meu ser. 

Entreguei o que era e o que tinha de bom. 

Mas ainda acho que não entreguei, nem perdi tudo. 




(lembrando que não fui eu que legendei o vídeo, por isso não adianta brigar comigo por possíveis erros de tradução. E obviamente não tem nada de autobiográfico no texto,  vlw, flw!) 




27 de out. de 2015

Overkill





I can't get to sleep
I think about the implications
Of diving in too deep
And possibly the complications

11:30 da noite. 

Quem disse que as preocupações devem ficar fora da cama, despidas junto com as roupas, talvez nunca tenha tido problemas com insônia. 

Fantasmas do passado escolheram esta noite para assombrar. E não adianta mandá-los voltar outro dia, é hoje. 
Estou numa daquelas noites em que não durmo por causa de planos..o problema é que estes planos deveriam ter sido traçados no passado. Detesto perder tempo com isso, mas não consigo evitar: lembro situações que já aconteceram e deveriam ter sido esquecidas pelo bem da minha sanidade mental, mas fico imaginando como eu as teria resolvido com o conhecimento que possuo hoje em dia. O que poderia ter sido diferente se eu agisse de outra forma. 

Especially at night
I worry over situations
I know will be alright
Perhaps its just my imagination

Fantasia pode até ser bom em uma certa dose, mas tem de ser na hora de dormir?


00:07h. Toda vez que passa da meia-noite e resolvo ver a hora, este número me persegue, é sempre esta hora que vejo. Uma piadinha sobre James Bond passa pela minha cabeça, e nem termino de imaginá-la quando percebo que são três zeros na frente do sete. Lá se foi uma piada que não pode nascer. 




Day after day it reappears
Night after night my heartbeat, shows the fear


Ghosts appear and fade away

O medo de ter passado minha "época de ouro" e de agora estar apenas descendo ladeira abaixo me consome às vezes. Fantasmas aparecem e se desvanecem, quando penso: "bobagem, ainda tá em tempo de fazer muita coisa nessa vida" Mas, será? 


Alone between the sheets
Only brings the exasperation
It's time to walk the streets
Smell the desperation


At least there's pretty lights
And though there's little variation
It nullifies the night
From overkill



Levanto-me um pouco, gostaria de passear já que não consigo dormir, mas me contento em apenas olhar pela janela.Estou exagerando, deve ser cansaço... Não sei se faz sentido,mas às vezes estou tão cansada que não consigo dormir. Meu corpo pede sono, pede repouso, mas minha cabeça está a mil. 



Day after day it reappears
Night after night my heartbeat, shows the fear
Ghosts appear and fade away
Come back another day


I can't get to sleep
I think about the implications
Of diving in too deep
And possibly the complications


Especially at night
I worry over situations
I know will be alright
It's just overkill


Day after day it reappears
Night after night my heartbeat, shows the fear
Ghosts appear and fade away


Fantasmas aparecem. 
A lua está bonita no céu. 

O cheiro de flor acalma tudo.

Fantasmas somem. 

O sono chega. 



(* O texto não é pessoal. Pego no sono fácil, fácil!)





30 de jul. de 2014

Brinquedo Torto ( Pitty)

( texto inspirado na música, qualquer semelhança com a realidade de muitas pessoas não é mera coincidência) 

Esqueci as regras do jogo
E não posso mais jogar
Veio escrito na embalagem
Use e saia pra agitar
Vou com os outros pro abate
O meu dono vai lucrar
Seja cedo ou seja tarde
Quando isso vai mudar?


A escuridão da noite envolve o quarto, porém meus olhos estão abertos, apesar de todo o cansaço. Aliás, de que está me servindo todo esse cansaço?

Manada, é isso. Faço parte de uma manada. Todos os dias acordando à mesma hora, comendo sempre do mesmo jeito, indo como uma rês para o mesmo lugar, cumprimentando as mesmas pessoas do mesmo jeito fazendo comentários vagos e realizando o trabalho sempre do mesmo modo. 
Faço parte da manada.


Não me diga: "eu te disse"
Isso não vai resolver
Se eu explodo o meu violão
O que mais posso fazer?
Isso é tão desconfortável
Me ensinaram a fingir
E se eu for derrotado
Nem sei como me render

  
Me ensinaram a ser "boazinha", a não gritar diante de injustiças, a obedecer um código moral tácito que fui bebendo junto com o leite materno e do qual é difícil desviar, mesmo tendo conhecimento de que as coisas não são bem assim.

A sociedade cala quem pensa diferente.

A noite traz a lucidez à minha mente. Mostra o quanto estou diluída, o quanto deixei de ser eu mesma para me conformar a ser

Another brick on the wall
 
Estou fugindo da realidade: meu mundo está ficando cinza. 
Mas é neste mundo que vivo e sobrevivo. É neste mundo que vou empurrando com a barriga, enquanto não vislumbro, por ter os sentidos embotados pela rotina, uma situação melhor.

E eu me vendo como um brinquedo torto
E eu me vendo como uma estátua





10 de dez. de 2013

O Amanhã Colorido

Nem sempre atingimos nossas metas do modo e no tempo em que  as traçamos, nem sempre os caminhos que seguimos são aqueles que quisemos. E nem sempre atingimos as metas.

Nossa estrada nesta vida não é tão reta, tão previsível, tão fácil. 
Mas as curvas, os atalhos, as voltas que precisamos dar é que fazem tudo ter mais graça. 
A vida é mais divertida quando a estrada toma rumos diferentes, quando nos deparamos com cores diferentes, perfumes, pessoas. 

Caminhar apenas olhando para a frente sem prestar atenção, em linha reta, faz com que consigamos nossos objetivos. Mas também nos deixa cegos para a beleza do que há ao redor,  para as pessoas que estão caminhando conosco. E como diz um dito popular, quem vai sozinho pode até ir mais rápido, mas quem vai acompanhado, chega mais longe. 

Não, a vida não corre em linha reta. E, quer saber? Ainda bem! Não precisamos viver com arreios, vendo apenas a estrada na frente e seguindo, sem nos distrair com nada. Foco é importante, mas a aventura de viver é mais que isso, e distrair-se pelas estradas da vida com outras pessoas, olha que legal, pode até ajudar a alcançar nossos objetivos mais rápido! 

Então, permita-se caminhar às vezes depressa, às vezes devagar. Sentir o perfume das flores no caminho, jogar conversa fora com quem caminha ao seu lado, distrair-se às vezes, parar para observar o arco - íris, as nuvens, contar estrelas, jogar fora " a casca dourada e inútil das horas" (adoro esta frase!), afinal não é apenas uma questão de chegar ao objetivo de vida - que não vai ser o fim do caminho - mas também de aproveitar o caminho para aprender e aprimorar sua busca. 

O caminho, já dizia alguém, se faz ao caminhar. Caminhe... mas não apenas.Aproveite seu caminho para ser feliz desde já!




21 de ago. de 2013

Desbotado, procurando um lugar para descansar

Capa do CD Living Things - Linkin Park
Meus pés sangram de tanto caminhar, por entre vales e espinheiras que parecem não ter fim. O cansaço domina, os olhos já estão secos, mas não posso parar.
Simplesmente não posso.
Escolhi lutar não por uma causa, mas por uma vida inteira,
Mas ninguém mais quer ou pode me apoiar


Estou acordado faz tempo, noite escura
Não consigo domesticar minha mente
Estilingues e setas vão me matando por dentro
Talvez não possa aceitar essa minha vida
Não, não posso aceitar essa minha vida


Não há um lugar para reclinar a cabeça, nem a simples esperança de um refrigério. Já vi demais, ouvi demais, vivi demais.

Simplesmente cansei.


Estou farto da tensão, farto da fome,
Farto de você agindo como se eu te devesse isso,
Encontre outro lugar para alimentar sua ganância,
Enquanto eu encontro um lugar para descansar.



 Ando pelas ruas sem saber até onde poderei ir. Chego a um ponto que talvez seja o final. Os jogos que minha mente fazem comigo são traiçoeiros, a ponto de eu não saber se o mundo enlouqueceu, ou eu é que estou enlouquecendo, sangrando minhas mãos de tanto dá-las às pontas das facas que aparecem todos os dias à minha frente.
As feridas não saram, não querem sarar. Melhor assim, as marcas que não cicatrizam não me deixarão esquecer as dores, as lutas, as investidas contra o muro que se levantou cada vez que conseguia me erguer. 

O sol brilha e Não consigo evitar a luz

Eu penso que estou muito preso à vida

Cinza às cinzas e pó ao pó

Às vezes tenho vontade de desistir, sim

Às vezes tenho vontade de desistir

Mas não posso desistir agora. Ainda não atingi o final, o topo, o clímax da vida. Ainda não experimentei a sensação de dever cumprido.

Pegue todo o orgulho

E deixe pra lá

Porque um dia isto acaba

Um dia nós morreremos

Acredite na sua força de vontade

Este é teu direito

Mas eu escolhi vencer

Então eu escolhi lutar

Lutar




("colagem" feita a partir de duas músicas - A Place For My Head - Linkin Park e Weathered - Creed)



17 de jul. de 2013

Velhas Fotos

  É nessas horas que a saudade bate forte. Um tempo que parece ter ficado bem mais longe do que é realmente.
Pego mais uma vez o álbum.Cheiro, antes de abrir. As fotos de alguns anos atrás tinham algum glamour, sei lá.. algo que não é superado pelas fotos digitais.


Às vezes ouço vozes
E outras eu converso
Com alguém que não está aqui
Revivo toda noite
Na beira deste mar
Olhando as velhas fotos que eu bati


 O barulho do mar me faz companhia, enquanto sento à varanda e reviro as páginas. A princípio, displicentemente. Mas sei que, como em todas as outras vezes, logo estarei devorando milímetro a milímetro as imagens, captando-as para dentro de minhas retinas agora cansadas, revivendo cada momento.

Eu sei
Que isso não traz você de volta para mim
E olhar você pela janela é ilusão
Mas meu princípio ainda está longe do fim


Por onde anda você? Por que sumiu assim?
Por onde andam meus amigos, para onde foram depois daquela foto?
Por que continuo olhando pela janela, pela varanda, como se você fosse se teletransportar, de repente, assim como está nesta foto que contemplo, e viesse sentar-se ao meu lado, conversar, como fazíamos?

Minha mente está embriagada
Tentando entender
Porque eu lembro de coisas que eu não vi


Lembro até do que não aconteceu. Lembro das piadas e histórias que você contava, das risadas do grupo. Aqui, nesta mesma praia.
Você não vai voltar. Eu não vou voltar. Mas a saudade fica, e continuo revivendo os momentos que nos fizeram felizes.



Que danem-se os poetas
E os loucos desvairados
Que rasgam os retratos pra esquecer


Não rasgarei retratos, porque nem assim poderia esquecer de você, de ninguém. Não serei poeta da melancolia, não serei a desvairada que rasgará as lembranças. Não serei eu quem apagarei as luzes e fecharei a porta.
Levanto-me daqui, fecho o álbum e o coloco onde deve ficar - na caixa, por mais um tempo. Quando estiver enfastiada do mundo ao meu redor,do meu presente, abrirei mais uma vez suas páginas e viajarei novamente. Enquanto isso, você, meus velhos amigos, a praia da juventude, ficam fechados com as fotos, ficam na lembrança. Ainda tenho esperança de cruzar com você, algum dia...quem sabe...

E olhar você pela janela é ilusão
Mas meu princípio ainda está longe do fim

 
Ainda há tempo para aparecerem muitos álbuns, mesmo que digitais. Ainda há tempo de embriagar a mente com muitas outras velhas fotos.



(em tempo: o clipe da banda é este aqui, mas a primeira vez que ouvi a música o que me veio em mente foi algo parecido com o que escrevi acima... tomei licença e postei minha interpretação primeira)

15 de mar. de 2013

Boulevard Of Broken Dreams

 A noite cai, e a neblina vem chegando de mansinho. O frio envolve meus braços - quem mandou sair sem blusa? Encolho-me em mim mesmo e sigo caminhando. 
Não lembro que hora saí, não sei que hora volto para casa, e se volto. 
Sim, chegou o dia. O dia em que a solidão parece maior que tudo. 

A rua está vazia, uma avenida de sonhos despedaçados abre-se à minha frente e sigo só. Na rua vazia, escura e fria. 
Não espero por alguém que apareça de repente, nem por mãos estendidas, ou que se materialize qualquer ser perguntando o que pode fazer para me ajudar. Há muito não alimento mais esse tipo de ilusão. 

Sempre me gabei de não criar fantasmas, de não viver de ilusões. De encarar sem medo a dureza da realidade da vida. Criei um caminho próprio, apenas para mim. O problema é que só eu pude trilhá-lo.. no processo não trouxe mais ninguém comigo.

Mas hoje, hoje... um pouco de ilusão faria bem. 

Sonhar faria bem. 

Ao menos não estaria vendo uma cidade a dormir, enquanto ando só.Meus sonhos cansaram de esperar por mim, e me abandonaram. Minha sombra parece querer fugir em algumas calçadas desta solitária e cinzenta rua. O limite entre a realidade e a paranoia está muito tênue agora. Os dias se dividem entre ruins e nem tanto, o café fica amargo. O frio penetra nas mais grossas roupas. 
Pago o preço por ter me afastado das pessoas, quando a verdade era só minha. E o troco dói pela primeira vez. Abri mão dos sonhos e depois de tanto tempo, não resta nada para fazer ou para ser.... como vai ser a partir de agora? E se eu quiser retornar e construir outra estrada, conseguirei? Agora que esta estrada é um lar para mim... posso abandoná-la? 


(sei que não precisava escrever isto, mas... não, não é autobiográfico. Esclarecimentos feitos, voltamos à programação normal)




Eu ando em uma estrada solitária
A única que eu conheci
Não sei até onde ela vai
Mas é um lar para mim e eu ando só

Eu caminho por esta rua vazia
Na alameda dos sonhos destruídos
Onde a cidade dorme
E eu sou o único e ando só

Eu ando só
Eu ando só
Eu ando só
Eu ando...

Minha sombra, é a única coisa que anda ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que bate
Ás vezes eu desejo que alguém aí fora me encontre
Até lá, eu ando só

Ahh Ahh Ahh Ahhh
Ahh Ahh Ahh Ahhh...

Estou andando na linha
Que me divide em algum lugar na minha mente
No limite da margem
E onde eu ando sozinho

Leia nas entrelinhas do que
Está arruinado e o que está tudo bem
Checo meus sinais vitais, para saber se ainda estou vivo
E eu ando só

Eu ando só
Eu ando só
Eu ando só
Eu ando...

Minha sombra, é a única coisa que anda ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que bate
Ás vezes eu desejo que alguém aí fora me encontre
Até isso acontecer, eu ando só

Ah-Ah-Ah-Ah-Ah-Ah- Ahhh
Ah-Ah-Ah-Ah Eu ando só, eu ando ..

Eu caminho por esta rua vazia
Na avenida dos sonhos destruídos
Onde a cidade dorme
E eu sou o único e ando ...

Minha sombra, é a única coisa que anda ao meu lado
Meu coração superficial é a única coisa que bate
As vezes eu desejo que alguém aí fora me encontre
Até isso acontecer, eu ando só!

28 de nov. de 2012

Depois Do Temporal



(Uns e Outros)

 

Essa noite quase acabou comigo e tudo a nossa volta
Em meio ao furacão

O amor se alimenta dos bons momentos, das horas felizes, justamente para ter forças na adversidade. 
 
Já nem sei que armas eu usei
Mas será que você sabe perdoar
O amor que te feriu? 


Somos humanos, somos imperfeitos, e sem querer  - ou até querendo - podemos magoar justamente quem mais amamos. 


Você que sabe mais de mim

Também quase acabou com tudo
Rasgando o coração

Muitas vezes a vida vai nos fazer cair, vai nos entristecer, muitas vezes nos decepcionaremos com as pessoas e conosco mesmos. 
Mas é preciso ter a cabeça no lugar, saber que do mesmo jeito que momentos felizes não duram para sempre, os ruins também não são eternos.


Cansado, feito em pedaços
Escravo fui do teu discurso sem final
Até amanhecer, mas
Curo todas as feridas
Saio e piso na manhã tranqüila
Sem nem olhar pra trás
O temporal passou
E o dia quase amanheceu em paz.


Em um relacionamento, muita gente insegura, logo na primeira briga ou discordância, acha que o parceiro não o ama mais, ou que o amor está esfriando. 
O amor nem sempre acaba, o que acontece é simples: ele amadurece. 

O que falta a muita gente é a capacidade de compreender que, se nem todos os dias são bons, também nossos parceiros, que escolhemos e amamos tanto, estarão sempre bem. Nem todos os dias são de céu azul, nem sempre estamos felizes, nem sempre conseguimos manter a calma. 

Nem sempre amanhecemos em paz, muitas vezes precisamos de diálogo sincero para curarmos "todas as feridas".         

 Mas quando amamos alguém de verdade, podemos "sair e pisar na manhã tranquila, sem nem olhar para trás", pois o que passou.... passou! 

O que importa no final, é que o temporal passa.. o sol volta a brilhar. Sempre! 


 


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 Bom dia, boa tarde, boa noite! Tudo bem?  Chegando mais uma edição da nossa blogagem coletiva semanal!  Quem tem cantinho (ou até mesmo qua...

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