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9 de jan. de 2024

Aquisições literárias de 2023 - que vou terminar de ler em 2024!

Durante o ano de 2023, tive oportunidade de comprar alguns livros em sites e em promoções passeando pelo shopping center. Um deles já virou resenha aqui , outros  já foram lidos e podem virar resenha também. Outros, ainda não comecei a ler. Agora que entrei em modo férias vou conseguir ler vários dos que comprei, o que significa sabe o que? Mais algumas resenhas em 2024! 


Vou deixar aqui uma lista breve de alguns destes livros e link na Amazon para quem tiver curiosidade em adquirir!!!
Em futuras postagens, resenha e detalhes sobre os livros. 
  

A Revolução dos Bichos (Atualmente há editoras o publicando com o título original, A Fazenda dos Animais) -  de George Orwell. Outro clássico que só consegui ler efetivamente em 2023, conta a história de um grupo de animais que consegue tomar a fazenda, expulsando seus donos e tentando criar um espaço democrático. Porém logo o ideal é corrompido pela sede de poder por parte dos líderes desta revolução. 

Horo - o Castelo da Neblina e O Monstro -Na Pele, de Fábio Coala: adquiri pelo Catarse, os dois livros juntos.
Sabedoria, coragem, empatia, amizade, são temas dos dois livros, de leitura rápida - li em um dia -  e com ótimas lições. 


O Dia em que Selma Sonhou com um Ocapi, de Mariana Leky - uma das leituras que mais gostei em 2023! A resenha está aqui no blog, basta clicar abaixo:


1984, de George Orwell - clássico que até dispensaria apresentações, mas sempre haverá quem não conhece a sinopse: Publicado em 1949, o livro traz uma sociedade distópica que tem lugar em 1984, pelo ponto de vista da personagem Winston, cujo trabalho é reescrever artigos de jornais do passado para que o registro histórico sempre apoie a ideologia do "Partido". Minha leitura atual, logo haverá a resenha dele! 


Os Testamentos, de Margareth Atwood - continuação de O Conto da Aia, a história se passa quinze anos após os acontecimentos do primeiro livro. A república de Gilead se mantém firme no poder, mesmo após sucessivas tentativas de insurgência, porém há sinais de deterioração. Esse livro está na lista dos que ainda não comecei a ler,mas pretendo fazê-lo logo. 


Jardim Suspenso 220, de Ana Cecília Romeu - Romance em que uma jovem recém-casada muda-se com seu marido que é médico para um novo edifício. Trabalhando em home-office, ela passa mais tempo no prédio, interagindo com vizinhos e visitantes excêntricos, vendo e passando por situações inusitadas. 
Esse também está na fila para leitura, e tenho certeza de que vou ler com muito carinho, pois Ana Cecília foi uma das primeiras escritoras que conheci quando me lancei a este mundo virtual dos blogs. 

Dois Mortos e a Morte, de Tanto Tupiassu - Tanto é famoso por seus causos de assombrações e visagens. Esse livro é uma coletânea de histórias que tratam da morte em diferentes formas. Comecei a ler recentemente, porém parei para concluir a leitura de 1984, que exige bastante atenção. Logo irei retomar. 

O Livro que você gostaria que seus pais tivessem lido (e seus fihos ficarão gratos se você ler), de Philipa Perry. 

Um livro de não-ficção na lista! Como professora, convivendo com crianças pequenas durante quase dez meses por ano, acho interessante esse tipo de leitura (mesmo não tendo filhos). Nas palavras da autora, psicoterapeuta, o livro se trata de como criamos laços com os filhos, o que atrapalha a criação de uma relação de maior proximidade, como fomos criados e como nossa criação afeta nossa postura. E, claro, o que fazer a respeito e como evoluir.


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Fiz uma lista e resumos o mais sucintos que consegui, pois durante este ano esses livros ganharão postagens mais detalhadas! 

E que 2024 traga mais experiências literárias para a gente! 

22 de jul. de 2020

A Era da Igorância Orgulhosa (Ou, Ignorância e Arrogância dão uma Ânsia!)

   
   Me sinto vivendo em um país de castigo... Por que as pessoas que poderiam ter feito a quarentena direitinho tinham de ser teimosas e não cumprir as regras? Outros países já reabrindo locais para visitação, planejando competições e shows, e a gente há quase quatro meses ainda nem passamos a primeira onda. E por que? Por terem pessoas egoístas, com falta de consciência. Se só saíssem de casa quem realmente precisa, e quem não tem necessidade sossegasse um pouco em casa, estaríamos em uma situação diferente.
O "brasileiro cordial" a cada década vem perdendo terreno para o brasileiro " se eu estou bem o resto que se dane".
E podemos dizer que esta escalada do individualismo é mundial. Muito triste.

Outra coisa que vemos é a orquestrada divulgação de notícias falsas, hoje em dia chamadas de "fake news".
Divulgação de mentiras ou de meias-verdades não é algo tão "new" assim, praticamente surgiu junto com a sociedade humana. Segundo o livro do Gênesis, haviam apenas dois seres humanos na terra quando a primeira mentira, ou no caso a primeira "meia-verdade" foi contada, então não é de se surpreender que as "fake" nos persigam até hoje.
Parece que a coisa anda mais crônica, mas na verdade o que ocorre é que a internet fez com que as informações, juntamente com as distorções, confusões, mentiras, se espalhem mais rápido.

A "leitura fast-food" (aquela que não passa do título ou escolhe algumas frases em vez de ler o texto inteiro) gera em pessoas incautas interpretações errôneas. As pessoas mal-intencionadas sabem disso e criam munição para atacar ideias, propostas e pessoas com pontos de vista diferentes. E é tudo tão bem orquestrado que as pessoas que querem mostrar a verdade acabam contribuindo com as mentiras, basta ver as famosas "hashtags" em redes sociais. As polêmicas, com opiniões infundadas, mentiras e incentivando conceitos errôneos vivem no topo, muitas vezes por conta dos que querem combatê-las,pois a tal "tag" chama a atenção, deixa as pessoas indignadas e no afã de  desmentir ou combater o absurdo, entram no jogo citando a palavra, fazendo com que fique no topo dos assuntos mais vistos. Assim, atraindo a atenção de outros que talvez nem tivessem conhecimento do assunto e arrebanhando mais pessoas mal intencionadas ou ingênuas.

Falando em más intenções, chego ao que motivou o título deste post: estamos vendo, depois de décadas de luta pela ciência, de tanta gente lamentando a falta de instrução ( neste caso, tanto a formal quanto a necessária para uma boa convivência em sociedade), um movimento inverso, com ideias negacionistas sendo propagadas abertamente e sem pudor por pessoas de diferentes credos, graus de instrução, enfim. A impressão que dá é que não é preciso saber o mínimo sobre um assunto para querer opinar e "lacrar", " massacrar", outra pessoa em um "debate" que na verdade não passa de disputa verbal para exaltar o próprio ego. Vemos isso todos os dias. Gente que não entende uma curva exponencial, por exemplo, querendo explicar estatística, pessoas que tem dificuldade em interpretar textos simples querendo que sua opinião prevaleça sobre os fatos. Que fique claro que não estou menosprezando pessoas que não tiveram oportunidade de estudar ou achando que quem teve mais chance de completar instrução formal tenha mais valor. Mas, fazendo uma analogia tosca, prefiro que um médico formado, com bom conhecimento dos remédios atualmente mais comuns e de seus efeitos colaterais, indique um tratamento a seguir, em vez de uma pessoa que se baseia apenas em seu conhecimento empírico e que não valoriza a ciência.

O problema não é ser "ignorante",pois todos nós o somos em vários assuntos. Afinal, não podemos saber tudo sobre todas as coisas. O problema é essa ignorância orgulhosa. A pessoa que não sabe, não quer buscar o conhecimento para não ser confrontada nas crenças que defende tão ferrenhamente, mesmo não entendendo o porque e ainda se orgulha disso. O tipo de comportamento que está fazendo essa quarentena se alongar ainda mais, deixando a nós, que nos esforçamos para cumpri-la e poder assim preservar tanto nossas vidas quanto as das demais pessoas, com o psicológico abalado e tendo de ser cada vez mais seletivos com o que lemos, ouvimos e vemos para nos manter equilibrados. Exemplos deste comportamento temos muitos, vindos de várias esferas.

 
Aliás, Jaime Guimarães em seu ótimo blog Grooeland, descreve com propriedade no artigo intitulado A Pandemia e o Choro:

"Eis algo que eu não consigo entender: houve um tempo em que demonstrar ignorância era motivo de vergonha e escárnio; hoje, pelo contrário, temos chefes de estado que são idiotas arrogantes e ídolos de milhares de pessoas. Donald Trump e Jair Bolsonaro são dois exemplos que logo saltam à mente. Há outros, claro, porém cito-os porque são símbolos maiores da Idiocracy moderna, duas pessoas que apostam no caos e na desinformação para permanecerem no poder e sustentarem suas legiões de fanáticos seguidores."

      
          Pois é, Jaime, meu amigo.. eu também não consigo entender.

As fake news, a ignorância e a arrogância formam o tripé que levam à condição do primeiro parágrafo deste texto: estarmos ainda "de castigo", sem ter nem passado pela primeira onda da pandemia, quando outros países já passaram ou estão na "segunda onda" dela. E isso acontece porque, além de o conhecimento não chegar a todos como deveria (nem todo mundo tem acesso a informação), ou de chegar distorcido, há a ignorância orgulhosa de quem se firma apenas no que conhece e sabe e não quer admitir que sua opinião pode estar errada. Para quem pensou que a pandemia poderia mostrar seres humanos melhores, podemos dizer: previsão certa e errada ao mesmo tempo. Quem é ético, bom e justo, continuou a sê-lo; quem já era antiético e pouco se importava com o próximo, também continuou da mesma forma. Poucas pessoas mudaram. O que é uma pena. Poderíamos ter a oportunidade de sairmos mais fortes desta situação, de demonstrar a tão propalada garra do povo brasileiro, de seguir o lema de "não desistirmos nunca", mas o "ninguém solta a mão de ninguém" infelizmente parece não ter passado de um lema bonitinho para chamar a atenção em redes sociais.
 
Sugiro fortemente que leiam o artigo do Jaime Guimarães - A Pandemia e o Choro. Já aproveitem para conhecer o blog dele, os textos são muito bons!




25 de ago. de 2019

Resenha: Manual do Calouro de Humanas, de Aleska Lemos Gama da Silva



Livro: Manual do Calouro de Humanas- Seu Guia na Universidade

Autora: Aleska Lemos Gama da Silva

Edição: 1ª - 33 páginas 

Ano: 2018









Em um tom bem-humorado, a autora fala sobre suas experiências na universidade, especificamente na  faculdade de História da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, no instituto na época conhecido como IFCS – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. As vivências que ela teve foram o motivo para escrever este livro, com onze  capítulos  curtos e bem objetivos, mostrando o que um calouro de humanas pode esperar de uma universidade, dando dicas de como aproveitar melhor o curso escolhido, ter boa convivência com os colegas e professores e estudar de forma eficiente. 


Aleska, neste livro, se comporta como uma veterana que pega o calouro /a caloura pela mão e vai mostrando tudo o que se pode encontrar de bom, legal e incrível em uma universidade, sem esquecer o lado ruim, o qual ela recomenda “não ceder à tentação de se juntar”, para não ter uma vivência negativa. 


Cada capítulo traz dicas práticas de “sobrevivência” sobre aspectos que preocupam quem está iniciando sua vida acadêmica: trotes, convivência com veteranos, tipos de professores e como conviver bem com eles, aproveitando ao máximo as aulas, colegas, bar e jogatinas ( porque a pausa para diversão é necessária), a necessidade de se preparar bem para o ENADE ( prova realizada pelo governo para averiguar a aprendizagem e efetividade do ensino), eleições de grêmios estudantis, como se preparar bem para as provas,a importância de ler bons autores, sugestões de atividades extracurriculares e como ter mais tranquilidade para realizar a monografia (trabalho final).


A autora também nos lembra que a construção de uma carreira e a busca por um bom emprego não começa quando a faculdade termina: construir um bom currículo deve ser uma preocupação desde o início, e por isso a escolha de um orientador é muito importante, bem como as atividades extracurriculares. O nono capítulo da obra nos apresenta a alguns excelentes museus e centros culturais da região onde a autora estudou e dicas para aproveitar melhor estas visitas, enquanto o último capítulo  sugere cursos, ida a exposições e cadastro na plataforma lattes para deixar o currículo bem construído. 


O livro é de leitura leve, com informações práticas para quem está começando a aventura de estudar em uma universidade e cumpre muito bem sua função de ser um manual de instruções!

Recomendo a leitura, pela sua utilidade, pelo estilo leve e bem-humorado e também pelo fato de que todos que já cursaram ou estão cursando uma faculdade irão identificar-se facilmente com as situações descritas. 

Você também pode encontrar outros textos de Aleska Lemos nos blogs Os Escritos da Aleska Lemos e Aventureiras Literárias. 
Além disso, ela também tem obras no Wattpad



Até a próxima! 
 

13 de fev. de 2018

Resenha: A vida de Lino Vicenzi, de Lino Vicenzi e José Vicenzi Neto

Desafio Literário 2018 - Um livro de memórias ou bibliografia

Título: A Vida de Lino Vicenzi - Relatos pessoais de um veterano da FEB
Autor: Lino Vicenzi
Transcrito e organizado por José Vicenzi Neto.
Editora:Odorizzi Gráfica e Editora

Edição: 1ª (setembro de 2013)
161 páginas




A Vida de Lino Vicenzi conta a história deste veterano da FEB -  Força Expedicionária Brasileira. Ele participou ao lado dos aliados na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, e este acontecimento teve grande impacto sobre sua vida, sendo que contou histórias desta guerra até o fim de seus dias. 
Porém, apesar de ser o foco principal, neste livro Lino Vicenzi não conta apenas sobre o que presenciou na guerra, mas também detalhes de sua vida, desde a infância na década de 1920 - ele nasceu em 1922 -  com seus dez irmãos. Relembra com detalhes as brincadeiras de infância, comentando sobre os costumes daquela época, os brinquedos e como foi o período na escola e a vivência religiosa, muito forte. 


" Para a  primeira comunhão papai foi emprestar um sapato para eu calçar. Como era muito grande, mamãe colocou panos velhos no fundo do sapato. Fui sozinho caminhando para a igreja. Nem sabia caminhar com aquilo. Foi a primeira vez que usava. E ainda, usei sapato sem meia, chegando lá com calos, bolhas no calcanhar". (pg 18)



O ponto alto do livro é a ida para a Itália, para a Segunda Guerra Mundial. Lino descreve, com boa memória, como era o treinamento, as privações e o trabalho que ele e outros jovens realizavam em Blumenau (cidade a pouco menos de uma hora  de Rio dos Cedros), a convocação para ir a São Paulo, depois Rio de Janeiro ( onde ficaram como "soldados de depósito", para substituir soldados mortos ou feridos em combate), até a ordem para embarcar em uma viagem sem certeza de voltar. 

"Assim que o navio desatracou do porto, apenas se escutava:Adeus, pátria! Adeus, família! Nunca mais voltaremos!" (pg 38)


Lino continua narrando em forma linear e lúcida as experiências que viveu em solo italiano, a volta para casa e para a vida que tinha antes, com seus pais.. Casamento, os filhos que teve,o trabalho na roça, o bar que abriu...
Também conta um pouco da história  dos imigrantes que chegaram ao que hoje é a comunidade de Caravágio, (Caravaggio), onde nasceu, cresceu  e se estabeleceu, morando lá até o fim de seus dias. Fala um pouco sobre seus pais e como estão seus filhos hoje em dia, em uma linguagem simples, como se estivesse conversando com o leitor, na cozinha enquanto toma uma xícara de café. 
Ao final do livro, há algumas fotografias de família, certificados, diplomas, desfiles cívicos, recortes de jornal. Uma vida em fotos. Uma vida trivial e ao mesmo tempo extraordinária. 

Dedicatória no livro entregue pelo Sr. Lino a meu esposo. 

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Este livro foi um do que mais me comoveu ao resenhar. Enquanto preparava as imagens e organizava minhas ideias para escrevê-la, me vi chorando em frente ao computador. 

Por que? Por que eu conheci pessoalmente o Sr. Lino, desde minha tenra infância, por ele ser meu conterrâneo. Assim como o Sr. Lino, nasci e cresci na comunidade de Nossa Senhora do Caravágio, em Rio dos Cedros. Lembro-me bem do bar com a cancha de bocha, lembro da casa - que ainda está lá, um dos filhos mora ao lado; fui professora de uma de suas netas e recordo que praticamente desde que me conheço por gente, o vi na igreja local, celebrando, cantando, lendo a história de como iniciou a devoção à Nossa Senhora do Caravágio, discursando ao final da missa festiva em honra à  padroeira da comunidade.

Recordo-me muito bem dele  trabalhando nas festas da comunidade, realizando celebrações na pequena capela de Caravágio como ministro da Eucaristia quando não era possível que um padre viesse fazê-lo; cantando com o grupo de canto da comunidade nas missas festivas. Como morei naquela comunidade até os meus quatorze anos - e depois disso não deixei de participar de várias missas e celebrações festivas que lá ocorriam, posso dizer que este senhor fez parte da minha vida. 



Era uma pessoa muito ativa na comunidade e no município, praticamente não havia quem não o conhecesse. Na festa anual de nosso município (Festa Trentina), não deixava de desfilar, juntamente com os demais expedicionários ainda vivos, em um jipe, sendo sempre muito homenageado. 


Depois de voltar da Itália ao final da Segunda Guerra, o Sr. Lino deu muitas entrevistas para emissoras de televisão, rádios e jornais. No Youtube é possível ver vários trechos de entrevistas.

 Aqui na nossa região, chamada de Médio Vale do Itajaí, ele foi convidado várias vezes a palestrar em escolas, sendo que apreciava muito estes convites, comparecendo pontualmente. Tive a oportunidade de ver uma destas palestras quando adolescente, além de ter lido artigos de jornal o entrevistando. Inclusive acompanhei meu esposo quando a Secretaria de Educação aqui de Rio dos Cedros realizou entrevistas com pessoas de idade. Naquele dia em especial, fomos fotografá-lo em sua casa, o que o deixou muito contente, mostrando a sala onde guardava 
( acredito que ainda estejam lá) recordações dos tempos em que serviu o exército. 

O Sr. Lino faleceu em 18 de fevereiro de 2014, ou seja, há quatro anos atrás. Agora, editando este post, vi que foi poucos dias depois de recebermos o livro.Ele era o último expedicionário vivo de Rio dos Cedros, e o que mais se importava em contar esta parte de nossa história com o intuito de que não se repetisse.

 A cerimônia fúnebre causou muita comoção, e a capela e cemitérios que já são pequenos ficaram menores ainda para abrigar tantos amigos, parentes, conhecidos, expedicionários de outros municípios, autoridades.  Foi uma ocasião comovente e uma linda última homenagem a esta pessoa que tanto significou para nossa Rio dos Cedros. 























Matéria do Circolo Trentino - última homenagem a Lino Vicenzi



Onde comprar: Não consegui encontrar o livro à venda, por isso imagino que tenha sido uma tiragem limitada. Talvez na gráfica onde foi impresso seja possível encontrar. Assim que tiver mais informações, atualizo este post. 




Gratidão a todos que leram até aqui... e até a próxima! 


















17 de mai. de 2017

Resenha: Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus

Desafio Literário 2017 - Um livro de Não-Ficção

Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada

Autora: Carolina Maria de Jesus
Editora: Ática, 176 páginas
Ano: 1960 (Primeira Edição)


“Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade. ”
Carolina Maria de Jesus 



Li este livro na adolescência e nunca mais esqueci. Escrito na década de 1950, o livro é na realidade um diário, que relata o  cotidiano de uma mulher pobre, negra, mãe  e  moradora da antiga favela do Canindé. A autora, em sua linguagem simples, dá um verdadeiro tapa na cara, um choque de realidade . Mostra-nos a cor da fome (amarela), os medos e angústias do ponto de vista dela, dentro daquela realidade de miséria, violência e fome,enquanto luta para criar e dar uma boa educação a seus três filhos, trabalhando a ponto de ficar doente.

Nascida em Minas Gerais no ano de 1914,apenas apenas 26 anos depois da abolição da escravatura,Carolina Maria de Jesus vivenciou, além da vida pobre no Canindé, o preconceito contra as pessoas de pele negra, além do desdém com que pessoas da vizinhança a tratavam pelo fato de ela expressar-se de forma mais articulada e tentar evitar maledicências e brigas. 

   "Quarto de Despejo" é a voz da favela, da vida dura, da realidade pesada, dos dias difíceis, da falta de recursos, dos dias difíceis. Também é a voz que mostra que apesar de tantos desafios diários, ainda há espaço para momentos de felicidade e a esperança de dias melhores. 
É a fala da mulher, negra, pobre, sofrendo preconceitos e tentando se posicionar contra a estrutura viciada que a sociedade estava criando, sem submeter-se ao papel que dela se esperava.  É a voz de uma pessoa real, passando por situações que apesar de terem sido registradas naquela época, ainda encontram eco nos dias atuais. 

   O livro é o relato cru do dia-a-dia de pessoas que assim como a autora estavam "despejados" da vida digna que deveriam ter. Carolina, mesmo escrevendo de forma autobiográfica, não tenta se mostrar uma pessoa perfeita, embora com certo orgulho admita sentir-se mais inteligente e com uma melhor visão que as pessoas que com ela convivem. Tinha o sonho de uma vida melhor e esforçava-se para alcançá-lo.

    Além de Quarto de Despejo, Carolina também publicou outras obras, como Casa de Alvenaria, Pedaços de Fome e Provérbios, publicados ainda em vida, deixando farto material que foi publicado postumamente, como O Diário de Bitita. Há quem diga que ainda existe material inédito entre os muitos cadernos nos quais que Carolina escreveu até a data de sua morte. 


   Infelizmente, o sonho de uma vida digna foi fugaz: depois do estrondoso sucesso de seu livro, e mesmo tendo publicado outros, o dinheiro obtido não foi o suficiente para manter um novo padrão de vida.. e Carolina faleceu em 1977, novamente moradora de uma favela.Porém sua obra, expoente da literatura marginal, nos deixa até hoje muito em que pensar e podemos dizer que é um legado precioso. 


Para saber mais:

Página sobre a escritora na Wikipédia

Texto sobre a escritora no site Mundo Negro

Onde adquirir:

Estante Virtual (usado, porém em bom estado)

Mercado Livre (vários vendedores)

Saraiva










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 Bom dia, boa tarde, boa noite! Tudo bem?  Chegando mais uma edição da nossa blogagem coletiva semanal!  Quem tem cantinho (ou até mesmo qua...

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