A pessoa sumida apareceu para deixar recadinho, finalmente.
Então...
Não aconteceu nada de mais para eu não ter aparecido aqui no blog durante toda a semana. O que houve na verdade é que só tenho tempo para escrever aqui à noite, e esta semana estou tomando um relaxante muscular que me dá muito sono. Resultado: justamente quando tenho tempo para poder escrever, não consigo olhar a tela do computador sem ficar com um baita sono... Tentei escrever ontem à noite inclusive, e quase dormi em cima do teclado. Tive de largar tudo e ir para a cama.
Mas não precisam se preocupar, logo tudo se ajeita. Já não preciso tomar todos os dias e aos poucos tudo se ajeita. Consigo fazer tudo tranquilamente durante o dia, o problema é a noite mesmo.
Nos próximos dias vou agendar postagens para não deixar ninguém na mão e para destravar também ,pois faz um bom tempo que não sai um texto que preste. Tenho muitas ideias para textos diversos, porém quando tenho tempo para escrever parece que elas somem!
Como já estamos na metade do domingo, vou deixar a #1Imagem140Caracteres para a próxima sexta-feira,e aí seguimos!
Friozinho deu amostra esta semana, assim como o eclipse que infelizmente não foi possível ver aqui na região. Até o cachorro desiste de ficar no gramado depois das sete da noite e vai se recolher no canto quentinho, eheheh.
Enquanto o outono vai chegando ao final e a semana também, vamos à nossa blogagem tradicional:
Descrição: a imagem mostra uma pessoa branca debruçada sobre uma mesa marrom clara, com aspecto de gasta. A pessoa está com o rosto virado de lado, não sendo possível vê-lo pois à frente dele aparece um dos braços, dobrado e com a mão segurando uma caneca verde-água. O outro braço está dobrado com a mão pendendo com os dedos para fora da mesa. A posição da pessoa denota cansaço.
Os dias avançam e o cansaço junto. Hoje nem o cafezinho está dando conta. E ainda tenho tanto para fazer!
Me sinto vivendo em um país de castigo... Por que as pessoas que poderiam ter feito a quarentena direitinho tinham de ser teimosas e não cumprir as regras? Outros países já reabrindo locais para visitação, planejando competições e shows, e a gente há quase quatro meses ainda nem passamos a primeira onda. E por que? Por terem pessoas egoístas, com falta de consciência. Se só saíssem de casa quem realmente precisa, e quem não tem necessidade sossegasse um pouco em casa, estaríamos em uma situação diferente.
O "brasileiro cordial" a cada década vem perdendo terreno para o brasileiro " se eu estou bem o resto que se dane".
E podemos dizer que esta escalada do individualismo é mundial. Muito triste.
Outra coisa que vemos é a orquestrada divulgação de notícias falsas, hoje em dia chamadas de "fake news".
Divulgação de mentiras ou de meias-verdades não é algo tão "new" assim, praticamente surgiu junto com a sociedade humana. Segundo o livro do Gênesis, haviam apenas dois seres humanos na terra quando a primeira mentira, ou no caso a primeira "meia-verdade" foi contada, então não é de se surpreender que as "fake" nos persigam até hoje.
Parece que a coisa anda mais crônica, mas na verdade o que ocorre é que a internet fez com que as informações, juntamente com as distorções, confusões, mentiras, se espalhem mais rápido.
A "leitura fast-food" (aquela que não passa do título ou escolhe algumas frases em vez de ler o texto inteiro) gera em pessoas incautas interpretações errôneas. As pessoas mal-intencionadas sabem disso e criam munição para atacar ideias, propostas e pessoas com pontos de vista diferentes. E é tudo tão bem orquestrado que as pessoas que querem mostrar a verdade acabam contribuindo com as mentiras, basta ver as famosas "hashtags" em redes sociais. As polêmicas, com opiniões infundadas, mentiras e incentivando conceitos errôneos vivem no topo, muitas vezes por conta dos que querem combatê-las,pois a tal "tag" chama a atenção, deixa as pessoas indignadas e no afã de desmentir ou combater o absurdo, entram no jogo citando a palavra, fazendo com que fique no topo dos assuntos mais vistos. Assim, atraindo a atenção de outros que talvez nem tivessem conhecimento do assunto e arrebanhando mais pessoas mal intencionadas ou ingênuas.
Falando em más intenções, chego ao que motivou o título deste post: estamos vendo, depois de décadas de luta pela ciência, de tanta gente lamentando a falta de instrução ( neste caso, tanto a formal quanto a necessária para uma boa convivência em sociedade), um movimento inverso, com ideias negacionistas sendo propagadas abertamente e sem pudor por pessoas de diferentes credos, graus de instrução, enfim. A impressão que dá é que não é preciso saber o mínimo sobre um assunto para querer opinar e "lacrar", " massacrar", outra pessoa em um "debate" que na verdade não passa de disputa verbal para exaltar o próprio ego. Vemos isso todos os dias. Gente que não entende uma curva exponencial, por exemplo, querendo explicar estatística, pessoas que tem dificuldade em interpretar textos simples querendo que sua opinião prevaleça sobre os fatos. Que fique claro que não estou menosprezando pessoas que não tiveram oportunidade de estudar ou achando que quem teve mais chance de completar instrução formal tenha mais valor. Mas, fazendo uma analogia tosca, prefiro que um médico formado, com bom conhecimento dos remédios atualmente mais comuns e de seus efeitos colaterais, indique um tratamento a seguir, em vez de uma pessoa que se baseia apenas em seu conhecimento empírico e que não valoriza a ciência.
O problema não é ser "ignorante",pois todos nós o somos em vários assuntos. Afinal, não podemos saber tudo sobre todas as coisas. O problema é essa ignorância orgulhosa. A pessoa que não sabe, não quer buscar o conhecimento para não ser confrontada nas crenças que defende tão ferrenhamente, mesmo não entendendo o porque e ainda se orgulha disso. O tipo de comportamento que está fazendo essa quarentena se alongar ainda mais, deixando a nós, que nos esforçamos para cumpri-la e poder assim preservar tanto nossas vidas quanto as das demais pessoas, com o psicológico abalado e tendo de ser cada vez mais seletivos com o que lemos, ouvimos e vemos para nos manter equilibrados. Exemplos deste comportamento temos muitos, vindos de várias esferas.
Aliás, Jaime Guimarães em seu ótimo blog Grooeland, descreve com propriedade no artigo intitulado A Pandemia e o Choro:
"Eis algo que eu
não consigo entender: houve um tempo em que demonstrar ignorância era
motivo de vergonha e escárnio; hoje, pelo contrário, temos chefes de
estado que são idiotas arrogantes e ídolos de milhares de pessoas.
Donald Trump e Jair Bolsonaro são dois exemplos que logo saltam à mente.
Há outros, claro, porém cito-os porque são símbolos maiores da
Idiocracy moderna, duas pessoas que apostam no caos e na desinformação
para permanecerem no poder e sustentarem suas legiões de fanáticos
seguidores."
Pois é, Jaime, meu amigo.. eu também não consigo entender.
As fake news, a ignorância e a arrogância formam o tripé que levam à condição do primeiro parágrafo deste texto: estarmos ainda "de castigo", sem ter nem passado pela primeira onda da pandemia, quando outros países já passaram ou estão na "segunda onda" dela. E isso acontece porque, além de o conhecimento não chegar a todos como deveria (nem todo mundo tem acesso a informação), ou de chegar distorcido, há a ignorância orgulhosa de quem se firma apenas no que conhece e sabe e não quer admitir que sua opinião pode estar errada. Para quem pensou que a pandemia poderia mostrar seres humanos melhores, podemos dizer: previsão certa e errada ao mesmo tempo. Quem é ético, bom e justo, continuou a sê-lo; quem já era antiético e pouco se importava com o próximo, também continuou da mesma forma. Poucas pessoas mudaram. O que é uma pena. Poderíamos ter a oportunidade de sairmos mais fortes desta situação, de demonstrar a tão propalada garra do povo brasileiro, de seguir o lema de "não desistirmos nunca", mas o "ninguém solta a mão de ninguém" infelizmente parece não ter passado de um lema bonitinho para chamar a atenção em redes sociais.
Sugiro fortemente que leiam o artigo do Jaime Guimarães - A Pandemia e o Choro. Já aproveitem para conhecer o blog dele, os textos são muito bons!
Frio, chuva, aulas a distância e sono desregulado, e a semana segue.
Terminei finalmente de ler um livro que havia começado há algum tempo atrás, o que significa que logo mais tem resenha chegando! (sempre fico uns dias remoendo as ideias antes de sair escrevendo sobre o que acabei de ler).
Falando nisso, está difícil se concentrar para ler ou praticar algum hobby, mas não podemos deixar a peteca cair... Embora a imagem de hoje faça referência a alguns acontecimentos recentes que nos fazem questionar até que ponto somos uma espécie "evoluída". Mas enfim.
Espero que vocês tenham um bom final de semana, se cuidem e consigam cuidar de quem amam!
Descrição:a imagem ,em preto e branco, mostra uma criança preta, de costas, da cintura para cima. Ela está usando uma capa e dois braceletes, e seus braços abertos apontam para cima. As mãos estão cerradas. Seu cabelo é volumoso e chega até a nuca. Ao fundo, o céu, com poucas nuvens.
Uma mistura de sete a um com haduken e se bobear até um avada kedavra e o nosso querido país no meio desse furacão.
Redes sociais tem sido um desgosto com tanta opinião sem fundamento sendo não debatida e sim vociferada, parece que não há mais "escutatória",como já disse Rubem Alves. As pessoas não querem se informar e se esclarecer, querem apenas que outros concordem com elas. Na famosa rede cujo ícone é uma letra do alfabeto, é melhor nem passar muito tempo. Prefiro ver vídeos no meu tempo livre, escrever ( nem tudo o que escrevo aparece aqui), ficar no Twitter onde há conversas mais inteligentes e usar este meu querido espaço que já tem oito anos para extravasar.. Um blog que ainda cumpre a função a qual se destinou desde o início: um espaço para respirar, para se refugiar, um pequeno escapismo. A porta se fecha, a maluquice do mundo fica lá fora e aqui dentro apenas as "minhas maluquices" tem lugar. Nem sempre dá certo e muitas vezes a porta fica entreaberta, sou humana e me importo. A porta entreaberta também é combustível para ter o que escrever aqui.
Mas vamos parar com enrolação?
Afinal, vocês, participantes da nossa tradicional Blogagem Coletiva de todas as sextas-feiras, vieram aqui por uma razão, e não é ler lamúrias e digressões, isso fica onde deve: nas outras postagens.
Sexta-feira, foco!
Vamos à nossa imagem?
#postacessivel: A imagem mostra uma pequena flor branca, nascendo de uma rachadura em um chão de concreto.
Mesmo contra todas as possibilidades, não percamos a esperança!
Se até no improvável a vida e a cor surgem, por que nos permitir desistir?
Bom dia! Estava procurando uma imagem que lembrasse justiça, pensando nos desmandos de nosso governo federal, quando acabei encontrando referências à arte de Jens Galschiøt. Jens Galschiøt é um escultor nascido na Dinamarca, em 1954, que já criou várias esculturas com o tema Arte em Defesa do Humanismo. Em 2002, em parceria com Lars Calmar, criou a escultura "Survival of The Fattest" (Sobrevivência dos mais Gordos). Esta estátua foi instalada ao lado da famosa estátua da Pequena Sereia em dezembro de 2009, durante a cúpula do clima em Copenhague, mas também já foi exibida em muitos lugares. Deixo com vocês a imagem da escultura, que leva a muitas reflexões...
Esperança
não pode ser apenas uma palavra passiva, precisa de ação para transformar!
Não podemos esperar mais para tirar o peso dos ombros!
I miss the comfort in being sad, I miss the comfort in being sad...
Bernardo dedilhava no velho violão, de forma lenta, talvez da mesma forma que Kobain teria dedilhado antes do tiro fatal.
Aquela viagem estava sendo mais uma coisa estúpida, no amontoado de outras coisas sem sentido que seus pais lhe impunham desde o diagnóstico de depressão, que recebera no ano anterior.
Sentia-se cansado, simples assim. Não era de nenhuma ajuda os conselhos que vinha recebendo desde o diagnóstico: desde o clássico "é falta de Deus no coração" até " estes remédios estão fazendo mal a você". Tá, os remédios estavam fazendo mal? Então por que o tio enxerido que veio com essa não jogava as injeções de insulina fora, para ficar bem?
Os pais ficaram tão afoitos em "curar a depressão" a qualquer custo, que a cada mês um plano mirabolante era posto em execução para desespero de Bernardo, que só queria continuar levando a vida normal que levava, pelo menos dentro do que fosse possível.
Um mês foi uma viagem de avião para ver um show de rock, outro mês foram sessões de psicoterapia (pelo menos desta vez ele conseguiu se sentir um pouco melhor), no seguinte a psicoterapeuta foi dispensada pois os pais não viam "nem um sorriso" no filho, e trocaram por sessões de ioga. O problema não eram as ideias, era a falta de paciência dos pais com o processo. Bernardo, coitado, não tinha voz. Mal conseguiu protestar quando as sessões de psicoterapia e ioga foram suspensas pois os pais dele não estavam vendo resultado - poxa, que resultados queriam em um mês apenas?
Agora estava em um cruzeiro, sendo obrigado a dividir uma cabine com os pais, que estavam com a ideia fixa de que passar um mês em uma forçada convivência familiar era o que faltava para dar equilíbrio a eles e deixar Bernardo "melhor da cabeça". De que adiantava ter pais ricos a ponto de poder sair a passeio de férias quando dava na telha, viver rodeado de bens materiais, se o que ele mais precisava era simplesmente ser ouvido? Será que era tão difícil eles perceberem isso?
Seu único conforto ultimamente era a troca de mensagens com Sabrina, sua melhor amiga, com quem passaria mais tempo pessoalmente se não fosse a mania dos pais de correr mundo.
Sabrina era a primeira a dar "bom-dia" e quem desejava bons sonhos quando Bernardo, enrolado nas cobertas, fixava a tela do celular, escondendo-o debaixo do travesseiro quando alguém chegava perto. Era ela quem tinha sempre uma palavra amiga, o ombro onde Bernardo poderia desabafar, e ótima ouvinte nos momentos em que não sabia como ou o que falar para ele - e quando palavras não precisavam ser ditas.
Era a única conversa no WhatsApp que não apagava, nem mesmo os gifs mais bobos. Quando não conseguia ficar online, revisitava todas as conversas, relendo as palavras reconfortantes de sua amiga.
Naquela noite, ficou um tempo observando as ondas revoltas do mar, sentindo a brisa e o doce barulho das águas. O cheiro e gosto de sal chegava até sua boca, levando lembranças de uma infância e início de adolescência felizes.
Não sabia precisar o momento em que os dias começaram a parecer-lhe uma sucessão de momentos cinzas e sem graça. Tinha momentos felizes, claro, mas algo sempre o instigava, não deixava a sensação de felicidade ser completa. Sorria, sem o brilho nos olhos. Conseguia gargalhar, mas o sentimento era agridoce. Cada dia passado era um alfinete a mais espetando-o de forma invisível. Os pais, com suas constantes mudanças de planos, estavam sem perceber fazendo a situação de Bernardo piorar. Ele bem tentava dizer que se sentiria melhor ficando em sua casa, perto de seus amigos, continuando a estudar, enfim, se esforçando para manter a rotina, porém mesmo tendo bastante acesso à informação seus pais continuavam todo mês sugerindo algo diferente, como se esperassem que a situação de Bernardo se resolvesse em um passe de mágica.
"Tente a receita desta forma. Se não deu certo, mude um ingrediente. Se não deu certo de novo, mude o fogão, ou as panelas, ou os temperos. Nem suspeite que você pode estar fazendo algo errado com os ingredientes que tem".
Após escrever esta anotação em seu bloquinho - Bernardo tinha uma coleção de bloquinhos onde anotava ideias genéricas a respeito de tudo - rasgou a folha e a prendeu na cadeira onde estava. Aproximou-se da proa e suspirou fundo, sentindo a maresia. Com o violão, dedilhou e cantou baixinho:
Mas não me diga isso
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto que isso passa,
Amanhã é outro dia, não é?
Será que algum dia conseguiria pelo menos fingir estar sempre bem?
Um movimento em falso fez o violão escorregar. Bernardo contemplou, incrédulo, o instrumento se precipitando em direção às águas escuras e frias, o ruído do contato entre seu velho companheiro e as ondas. Deixou-se ficar aí, observando até mal divisar o contorno do violão afundando, despedindo-se. Bernardo imaginou onde ele cairia,se ficaria no fundo do mar, rodeado daqueles peixes abissais sobre os quais lera há tempos em algum site científico. Ou se acabaria nas areias de alguma praia,em outro canto qualquer do mundo, talvez em um lugar onde acabaria parando com seus pais, já que não tinha ideia de quanto tempo ficaria naquele navio.
Por um momento pensou em mergulhar naquelas águas frias, na escuridão, como seu violão fizera involuntariamente.
Queria ser como os outros e rir das desgraças da vida.
Sentia-se assim, submerso. Como seu violão estaria em breve, imerso no desconhecido, no fundo de algo, onde os ruídos do mundo chegavam abafados e indistinguíveis. Sentiu o celular vibrar. Era Sabrina. Como, por graça de Deus, esta menina ainda mantinha contato com ele, ainda o suportava?
Não me dê atenção.. mas obrigado por pensar em mim.
Sem saber, devia sua vida a Sabrina, mais uma vez. O celular vibrando o tirara por instantes do devaneio em que se encontrava, do ímpeto de satisfazer o desejo de seguir seu velho e agora perdido violão.
Oi, já é noite aí? Em que país você está?
Nem sei, Sabrina. Não sei se já saímos da costa brasileira. É noite e só vejo oceano.
E como você está se sentindo agora?
Perdi meu violão, Sabrina. Cheguei perto demais da proa
Puxa... Fico triste por você... Sei como amava seu violão.
Sim..
Sabrina gravou um áudio para animá-lo. Bernardo catou rapidamente de seu bolso os fones de ouvido e estava se preparando para ouvir, quando uma voz estridente ecoou pelo convés agora já vazio:
-Bernardoooo... vem dormir, fica com a gente!
Era sua mãe. Dando uma última olhada para as águas agora mais escuras, pegou a folha do bloquinho que deixara na cadeira e foi encontrar a mulher, que tinha uma expressão preocupada no rosto.
Sem protestar, entrou em sua cabine, deu boa-noite aos pais, deixou que apagassem a luz e escondeu-se sob o cobertor, para poder ouvir a voz de sua amiga antes de tentar dormir.
Um áudio simples, em que ela exaltava a amizade dos dois e prometia a Bernardo que ele poderia contar com ela sempre, sempre que precisasse.
"Obrigado", ele enviou. "Você me entende melhor que qualquer pessoa neste mundo. E se, ou quando, eu voltar, faremos aquele passeio que vivo te prometendo. Pode me cobrar".
Voltou a pensar no seu violão e na viagem que ele estaria fazendo, ao sabor das ondas, deixando Bernardo sozinho. Pensou sobre o inferno que sentia passar, sobre suas amizades, os tratamentos que ficaram incompletos. Era menor de idade, mas precisava se impor de alguma forma, estava sendo arrastado pelos pais para algo que não queria fazer. Com o brilho da tela do celular, encontrou no chão a folha que havia rasgado de seu bloco. Silenciosamente, colocou-a sobre o criado mudo que estava ao lado da cama de seus pais. Talvez, só talvez, isso os ajudasse a perceber que algo estava errado naquela viagem maluca que eles organizaram, sem sequer revelar a ele o roteiro.
De olhos abertos,virado para cima, um último pensamento chegou a Bernardo antes que o cansaço o vencesse: algum dia aquilo teria fim?
(Quando comecei este conto, a ideia era a personagem seguir o destino do violão.. mas acabei amolecendo e fiquei com pena de matar Bernardo. Preferi deixar o questionamento, mostrando a angústia que as pessoas que tem depressão passam e o sofrimento de imaginar se algum dia este inferno terá fim. )
Depressão não é frescura.
Depressão nem sempre tem um motivo forte ou é fruto de trauma.
Depressão É DOENÇA. E precisa de tratamento.
Depressão mata, e preconceito também.
Depressão não é apenas tristeza, esqueça os estereótipos.
E a semana passou de novo, rápida como um raio, e eis que chega a sexta-feira! Depois de um dia cheio, a imagem aparece, para alegria de quem estava esperando a imagem da BC desta semana! Tardamos mas não falhamos, galerinha! E falando sobre semana e dias cheios, o cansaço muitas vezes bate, não é? E nem sempre podemos descansar na hora em que ele aparece.. O que será que cansou a pessoa da nossa imagem? Deixe sua interpretação aqui e no blog da Silvana também e vamos nos visitar, para ver o que outros participantes criaram a partir desta imagem!