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27 de abr. de 2022

Carga mental e o cotidiano

 Essa semana estava conversando com minhas colegas de trabalho e logo o assunto se concentrou nas que são mães. A maioria relatava que se não fosse por elas em casa, os cadernos dos filhos não seria assinado quando tivesse recado das professoras. Também relatavam que se caíssem doentes, ou viessem a faltar, o marido/companheiro simplesmente não saberia realizar coisas básicas sozinho, como dar banho no(s) filho(s) ou saber onde estão guardadas as roupas. 

Comentei com elas que, apesar de não ser mãe, acho isto um absurdo e que nossos companheiros,a não ser que tenham alguma limitação, são adultos funcionais e deveriam saber o mínimo da organização da casa/rotina dos filhos. 

Por isso que toda vez que ouço pessoas reclamando sobre a "mulher chata", a "mãe chata", penso logo que podem não ser pessoas chatas e sim cansadas. 

Qualquer pessoa que depois de trabalhar um dia inteiro ainda tivesse de ter apenas para si a obrigação de organizar a casa/verificar atividades de casa dos filhos/preparar jantar/lavar/cozinhar.. enquanto a(s) outra(s) pessoas adultas se limitassem a chegar do trabalho e ir simplesmente descansar, ficaria "chata" com o tempo, pois a carga mental e as pequenas - ou nem tão pequenas assim - responsabilidades cansam, saturam, incomodam. 

São atribuições "invisíveis" mas que cansam além da conta quando mais ninguém as toma para si: Lembrar da hora do remédio do fulano, das datas em que as contas vencem, de separar as roupas que irão para a máquina porque senão outro familiar irá misturar tudo, lembrar quais itens de limpeza precisam ser comprados, lembrar de colocar o lixo para fora, das datas em que se tem consulta médica, das reuniões de pais na escola das crianças, de guardar cada louça em seu lugar... E muitas vezes, ainda ter de ouvir das outras pessoas que moram na casa: " se precisar de ajuda é só pedir", sabendo que na maioria das vezes nem pedir adianta. 

Em 2018, no Twitter, houve uma hashtag: #porramaridos, que mostrava vários exemplos como o acima, e até piores. Claro que também poderia ser #porraesposas ou #porranoivos, #porra...qualquer outra pessoa, mas as maiores queixas eram justamente de mulheres em relação aos esposos. 

Por que? 

Uma palavra: Condicionamento! 

Sim, ainda estamos sentindo os efeitos de uma realidade de décadas atrás, no qual um era o "provedor" e outro " funcionário(a) do lar". cujas atribuições eram bem distintas e não se misturavam. Porém, esta não é mais a realidade de hoje e não podemos continuar criando nossos filhos desta forma

Conheço uma pessoa que, em uma visita que realizei à casa dela, disse para a companheira: Olha, lavei o copo que usei, tá? 

Minha vontade foi responder: "Quer o que, uma medalha por ter feito o mínimo?"

Sim, muitas de minhas colegas de trabalho estão cansadas por ter de todo dia pedir que o mínimo seja feito pelos demais moradores da casa. 

Aí quando vêem a pessoa sobrecarregada cansada e reclamando se algo está fora do lugar, ou que outra pessoa na família esqueceu algum compromisso ou sei lá, não recolheu a roupa do varal, ainda ficam indignadas achando que estão sendo injustamente acusadas de "não ajudar na casa". 

Esse verbo, "ajudar", nem deveria ser cogitado. Estamos em 2022, gente. Todo mundo trabalha fora e todos tem responsabilidades que devem ser divididas. A mão não cai se uma louça suja vai pelo menos até a pia. O braço não doí se a roupa suja for levada até o cesto. Ninguém vai questionar sua formação acadêmica se a chuva estiver chegando e você for correndo tirar a roupa do varal em vez de esperar a outra pessoa que já está ocupada fazer isso.

A única frase que me vem à mente quando ouço estes relatos de pessoas cansadas é: TOMEM VERGONHA NA CARA. 

Tomem vergonha na cara, parceiros/maridos/esposas que nem sabem onde ficam as meias nas gavetas! 

Tomem vergonha na cara, pais que atribuem apenas ao outro parceiro, à outra parceira, a função de acompanhar a vida escolar dos filhos! 

Tomem vergonha na cara, pessoas que sujam um prato e nem se dão ao trabalho de ao menos tirar da mesa! 

Tomem vergonha na cara, gente que não troca o papel higiênico quando termina, mesmo sabendo onde os rolos estão! 

Tomem vergonha na cara e admitam que todas as pessoas que moram e dividem os espaços em uma casa tem responsabilidades! 

Assim, o número de "mulheres chatas" irá diminuir bastante! 

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá, querida amiga Mari!
    O machismo existe e impera mais do que podemos imaginar em pleno século XXI. Uma vergonha. Homens só sabem reclamar das mulheres e não vivem sem elas, pensam saber viver, mas mostram claramente que não.
    Reclamar é fácil, o difícil é viver sem elas.
    Ainda bem que está melhor e já postando até às quartas.
    Tenha dias abençoados com paz!
    😘🕊️💙

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  3. Belo texto e quantas verdades! Os homens em geral se acomodam e pior, creio que as mães são culpadas na grande maioria das vezes ao não ensinar o que fazer, como se mexer, como se resolver sozinhos sem depender das mulheres. E eles se aproveitam, abusam!rs... beijos, tudo de bom,chica

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  4. Bom dia Mari,
    Um artigo que fala de uma realidade infelizmente ainda muito presente na sociedade em que a Mulher tem que tomar conta de todas as rédeas da casa. Na verdade é muito penoso e isso as cansa. Sou de outra geração e graças a Deus meu marido mesmo na aposentação me ajuda, embora também é verdade que por motivos de horários desencontrados em jovens a carga era .mais para mim. Há que haver da parte dos companheiros/as a sensibilidade suficiente para dividir tarefas e não deixar tudo para a Mulher. Tenho dois filhos e sabem fazer tudo nas casas deles.
    Beijinhos e um bom final de semana.
    Ailime

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