Estava eu em uma noite ociosa de sábado pensando em um livro que peguei para ler e não estava com vontade de terminar a leitura, e um pensamento veio em minha cabeça. Como o meu Twitter estava aberto na hora, acabei tuitando: "Alguém aí já teve um livro que precisou se esforçar para chegar ao final? Uma obra que não estava dando gosto em continuar lendo, mas que não parecia certo abandonar, e insistiu na leitura mesmo assim?"
Isso me fez lembrar de um post antigo, que fiz no primeiro ano deste bloguinho ( quem quiser pode conferir clicando no link:
http://ow.ly/LPSg50x6MXy.
Imaginei que interações rolariam hoje em dia com aquela postagem que fiz perguntando sobre o livro preferido e outro que não conseguiu ler ou que leu mas não gostou nadinha. Por isso me deu uma nostalgia daqueles tempos e procurei os blogs das pessoas que comentaram há oito anos atrás. Alguns já foram apagados e os donos não publicam mais na internet, outros não receberam mais atualizações mas estão ainda ativos, como uma lembrança. Alguns blogueiros (alguém ainda usa este termo?) migraram para outras plataformas ou criaram outros blogs deixando os antigos parados ou deletando-os.
Que bom saber que ainda há gente "daquela época" que ainda escreve.
Às vezes gosto de revisitar postagens antigas do meu próprio blog, ou de outras pessoas, e ver a evolução das postagens ao longo dos anos, a escrita evoluindo, a mudança de interesses, as guinadas que a vida dá. Enfim.
Comecei este texto como uma colcha de retalhos precisando ser costurada, e apesar de agora estar prestes a apertar o botão de "publicar" ainda acho que há algumas costuras soltas, fico contente em ver que apesar das grandes mudanças no modo de escrever na internet, ainda se encontram blogs, live journals, páginas interessantes em redes sociais, plataformas de escrita como o Wattpad, enfim... Podem mudar os meios e os tempos, mas a necessidade de escrever, comunicar-se, interagir é perene. Ainda bem!
Boa sexta-feira, gente linda! Como vocês estão? Aqui continuamos seguindo aos trancos e barrancos, está difícil ser brasileiro nestes últimos tempos. (rindo de nervoso) Mas, como já está meio tarde, vamos à nossa imagem da semana?
#postacessivel: a imagem mostra o que parecem ser pessoas participando de uma corrida, porém só se vêem as pernas abaixo dos joelhos, calçando tênis de várias cores. Em destaque um par de pernas calçando um tênis laranja com meias brancas, em ritmo de corrida sobre uma estrada asfaltada. As demais pessoas aparecem ao fundo como imagens embaçadas.
Correndo velozmente, para onde?
Atrás de que?
Para que?
Persigo um objetivo, ou corro apenas para acompanhar os demais?
Boa noite, povo! Atrasada de novo, por que o blog resolveu dar uma travada, mas nunca deixando a peteca cair! Como vocês estão? Aqui, a mente fervilhando com tanta coisa ao mesmo tempo para se pensar, mas vamos em frente. E, com este " em frente" ,também quero dizer que a enrolação o texto introdutório ficará mais curto dessa vez porque afinal vocês que acompanham o blog estão esperando desde manhã cedo pela postagem e quem não acompanha não está entendendo onde quero chegar, e assim a enrolação começou! Epa, vamos terminar agora! Hahaha! Vamos a nossa imagem?
#postacessivel: a imagem mostra parte da mão de uma pessoa que está a ponto de inserir um pendrive preto em uma entrada lateral para usb em um notebook
Encontrei um pendrive que há tempos não usava. Será que aqui estão as benditas fotos do casamento que vivo procurando?
Que semaninha doida... Começou com temperaturas altas e ar condicionado ligado no domingo, temperaturas caindo, chuva chegando e dias em que tivemos de trabalhar de blusa.. Neste momento, uma noite de quinta-feira, escrevo ouvindo o barulhinho da chuva lá fora. Meu celular aponta para 21 graus, mas simplesmente não sei descrever a sensação térmica que tenho agora.
Mas enfim. Seguimos nesta doideira climática que acompanha a doideira em todos os outros aspectos. Mas não é este o propósito desta postagem.
#postacessivel: a imagem mostra uma sala de aula, com a imagem da professora desfocada ao fundo. Em primeiro plano, vê-se vários alunos de costas, dedos levantados, prontos a responder alguma pergunta - ou fazê-la. A professora mostra uma expressão sorridente.
"Uma história sobre rebelião, tabu, violência e erotismo escrita com a clareza atordoante das melhores e mais aterradoras fábulas" ( Texto na contracapa do livro)
Capa do livro que tenho em casa
Livro: A Vegetariana Autora: Han Kang Tradução: Jae Hyung Woo (traduzida diretamente do coreano) Editora: Todavia 1ª Edição, 2018 176 páginas
Yeonghye, uma mulher aparentemente comum , choca a família e a desestabiliza ao decidir, depois de um pesadelo, não mais comer, cozinhar ou servir carne. Uma decisão aparentemente simples porém considerada rebelde, que desencadeia uma série de eventos que fazem com que a dinâmica familiar nunca mais seja a mesma.
O livro é dividido em três partes, narrado por três vozes: o marido, única narração em primeira pessoa no livro todo, conta sobre a vida dos dois até um fatídico incidente em um almoço de família (No restante do livro não mais aparece, é apenas mencionado pelos outros personagens após ter se divorciado dela); o cunhado, artista visual que sente-se atraído por Yeonghye e sua rebeldia e a irmã mais velha, cujo ponto de vista vemos na terceira e última parte do livro. Esta última parte é a mais comovente, pois além de mostrar o declínio mental de Yeonghye em um caminho sem volta, mostra que a irmã mais velha é a única que a enxerga realmente como uma pessoa, alguém que sofre, não como alguém conveniente (como o marido enfatiza, que gostava de Yeonghye por ela não se destacar - ou seja, não fazê-lo sentir-se inferior ou medíocre) ou como objeto de obsessão artística e física (ponto de vista do cunhado).
A irmã mais velha se importa suficiente para mudar sua rotina e tentar o melhor para Yeonghye, enquanto se questiona sobre sua própria vida e relembra fatos do passado que impactaram as duas até o presente, relembrando outras atitudes "estranhas" que ela teve no passado e buscando explicações para a degradação mental e física que afeta a irmã mais nova.
O fato de tornar-se vegetariana, na realidade, é a ponta do iceberg: conforme a história vai se desenrolando pelos diferentes olhares, entendemos aos poucos a razão para Yeonghye ir se afastando gradualmente do mundo e da rotina que conhecia, fazendo assim com que outros familiares também questionem as escolhas de vida que os trouxeram até onde estão. A Vegetariana é um romance perturbador, onde sexualidade e loucura se
misturam à medida que vamos conhecendo melhor Yeonghye e as atitudes que
ela tem desde que decide não comer mais carne.
Alguns trechos destacados, normalmente sonhos ou impressões confusas,
são narrados pela própria Yeonghye e nos tragam em uma espiral de
angústia ao tentar compreender sua mente.
"Por que será? Tudo parece desconhecido para mim, como se olhasse para as coisas de longe. Como se estivesse presa atrás de uma porta sem maçaneta. Não é bem isso... Será que sempre estive ali e só agora me dou conta? Tudo está escuro e esmagado".(pg 32)
Com o tempo, Yeonghye vai se desfazendo de outras convenções sociais, abandonando comportamentos considerados padrões: ficando cada vez mais tempo nua em casa sem se importar em ser vista, ausentando-se cada vez mais da sociedade e de suas regras, vivendo em um mundo próprio e afastando-se da família com quem só troca algumas palavras quando necessário. A narração da história nos leva neste turbilhão e nos perturba, fazendo com que nós , leitores também nos questionemos sobre a fronteira entre loucura e sensatez,sobre a violência física e psicológica e marcas da infância. Conforme a história avança, essa desconexão de Yeonghye com a realidade e o desejo cada vez maior de conectar-se com os vegetais nos angustia e nos leva velozmente ao final do livro, cuja história termina em aberto, focalizando nas duas e na angústia e melancolia da crua realidade de um mundo que embota nossos sentidos.
Recomendo muitíssimo o livro, principalmente para quem está preparado para questionar certos padrões sociais e como a sociedade que construímos nos envenena ao mesmo tempo que nos sustenta. A narrativa flui rápida sem deixar de ser impactante.
O livro foi lançado há uma década na Coreia do Sul, mas demorou um pouco a chegar aqui no Brasil, a princípio traduzido do inglês. A edição que tenho foi traduzida diretamente do original, e a comprei na Estante Virtual
Para saber mais:
- Vídeo do canal Ler Antes de Morrer: uma resenha que explicita muito bem a essência do livro e contextualiza a história (contém alguns spoilers)
Mais um final de semana chega, com um feriado..no sábado. Mas o que importa são as datas em si, não é? Para os católicos dia 12 é dia de Nossa Senhora Aparecida, considerada a Padroeira do Brasil,e me parece bastante apropriado que no mesmo dia se comemore o Dia das Crianças, que precisam demais de proteção neste mundo tão cheio de incertezas e ameaças. Mas, vamos à imagem desta semana?
Imagem retirada do Pixabay - Banco de imagens gratuito
#postacessivel: a imagem mostra uma criança de costas, trajando uma calça - ou bermuda -jeans ( a foto não mostra a parte inferior do corpo completamente) e camiseta branca, além de um chapéu de praia cor-de-rosa choque. Esta criança está contemplando o mar de perto, observando as ondas quebrando ao longe.