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18 de jul. de 2017

Fogo


Queimo meu diário da adolescência para esquecer como eram ridículas minhas ideias.
Queimo meu antigo caderno de planejamento  financeiro porque chega de números que já caducaram.
Queimo meus primeiros cadernos de registros, porque lembram meus desastrosos primeiros anos de trabalho.
Queimo as notas de compra que vou encontrando porque já deu,
Queimo minha festa de debutante, queimo meu primeiro beijo, queimo meu primeiro rolo-ficante-seja-lá-o-que-for.
Queimo meu álbum de casamento, queimo meus porta-retratos, queimo os cartões de visita, os envelopes com meu antigo endereço.
Queimo os LP's e CD's que lembram como tudo foi fútil e vazio. 
Queimo minhas revistas e livros que alienaram a parte da minha vida que também queimo agora. 
Queimo minhas lembranças passadas, toda a presunção e ambição pequena que tive em um passado que não parece ter sido meu.
Queimo meu eu antigo, queimo meu antigo lar, minha antiga família. 
Contemplo as cinzas sendo levadas embora por um instante, porém logo viro as costas. 
Está feito. 
Agora posso entrar em um novo mundo. 

Este texto faz parte da obra Fragmentos, que estou escrevendo no Wattpad. Quer conferir mais textos lá? Clica na capa do livro! Te espero lá!

3 comentários:

  1. Bonito trabalho Mari.
    Um novo tempo, novo ciclo, que logo será queimado neste lindo jogo de figuras.
    Abraços.

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  2. Lindo,Mari! Recomeçar do ZERO!!! Beleza! b bjs praianos,chica

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  3. Nossa, que iconoclasta! Forte!

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